terça-feira, 8 de junho de 2010

Costurando sonhos - Casa da Leitura Sonhos de Davi no Distrito de Martinésia


Priscilla Melo

A prática da convivência harmoniosa e o exercício do hábito da leitura são atividades corriqueiras realizadas por crianças e adolescentes que frequentam a Casa da Leitura Sonhos de Davi no Distrito de Martinésia

Ponto a ponto um pedaço de tecido claro ganha cores e se transforma em elemento perfeito que traduz e representa a imaginação de crianças e adolescentes. Além de ser um trabalho artístico colabora para a educação e a ampliação do universo cultural de seus participantes. Isso é o projeto “Costurando Leitura”, desenvolvido pela Biblioteca Municipal de Uberlândia em parceria com a Casa da Leitura ‘Sonhos de Davi’, que envolve estudantes entre 8 e 12 anos dos Distritos de Martinésia e Cruzeiro dos Peixotos.
E esse não é o único projeto desenvolvido na casa. Há também o “Oficinas Lúdicas de Incentivo à Leitura”. Aliás, todas as atividades desenvolvidas no espaço visam um objetivo comum: despertar o prazer de ler.

No caso do “Costurando Leitura”, os estudantes estão em fase final da composição de um livro todo feito de tecido. A empolgação com o trabalho, demonstrada pelos participantes, foi imensa. Com todo o cuidado eles cortam pedaços de feltros coloridos e vão costurando na página. Aos poucos as ilustrações ganham forma.
O acabamento também é minucioso e requer muita criatividade. Eles deixam cada página do livro mais alegre por meio das lantejoulas, miçangas e vidrilhos usados para dar o toque final nos desenhos. Assim que for concluído, o livro será doado pelos estudantes à creche de Martinésia.

A aluna do 5º ano Elisângela Teodoro Lemes Vicente, de 10 anos, afirmou que está muito satisfeita em fazer parte do grupo que está construindo o livro e que depois de terminá-lo pretende se aperfeiçoar ainda mais no trabalho de costura.
“Espero poder fazer outros trabalhos como esse. Além de ser muito legal costurar e bordar, também não fico mais sem ler uma boa história”, garantiu a menina.

Identificação com a técnica

A estudante Ludmila Souza Santos, de 12 anos, que cursa o 7º ano, afirmou que as técnicas ensinadas pelas monitoras da Biblioteca Municipal não são difíceis e que qualquer pessoa é capaz de desenvolvê-las, bastando apenas boa vontade e paciência. “O trabalho é delicado, minucioso, mas também muito bom de fazer. Somos capazes de passar o dia inteiro aqui envolvidos com as atividades, sem sentir cansaço”, afirmou.
As monitoras do projeto, Márcia Gonzaga Gonçalves e Valéria Silva, sugeriram como primeiro trabalho que as crianças montassem um livro de poesias. Os textos escolhidos foram do livro “A Arca de Noé” de Vinícius de Moraes, publicado originalmente em 1970 com 32 poemas, quase todos falam de bichos. E esse é mais um detalhe que colaborou para a identificação dos artistas mirins com o trabalho, pois quase todos residem na zona rural e vivem muito próximos a animais diversos.

Difusão do Livro & Leitura

A Casa da Leitura de Martinésia é coordenada pela professora Maria Terezinha de Oliveira, autora do livro “O Barquinho de Davi”. De acordo com a professora a Casa participou do primeiro concurso “Pontos de Leitura – Homenagem a Machado de Assis” realizado no País e concorreu com cerca de 712 projetos. A “Casa da Leitura Sonhos de Davi” ficou em 7º lugar em Minas Gerais e em 69º no Brasil. Com isso a Casa receberá um prêmio que engloba mobiliário, computadores e impressoras.

“Estamos melhorando cada vez mais nossa estrutura e poderemos trabalhar mais e melhor com as crianças e adolescentes que participam das oficinas”, afirmou Natashe Iasmin de Oliveira Meireles, proponente do projeto “Oficinas Lúdicas de Incentivo à Leitura”.

Natashe ressaltou ainda que está trabalhando em busca de parceiros para que o projeto das oficinas tenha continuidade no próximo semestre.
“Esse é um momento que estamos realmente em busca de parceiros e apoiadores. Desejamos continuar o trabalho e todos os nossos recursos estão chegando ao fim. Não temos nem mesmo condições ainda de receber o prêmio que ganhamos e instalar os computadores aqui, o espaço não oferece segurança. Por isso é essencial que consigamos conquistar novos parceiros”, explicou Natashe.

O estudante do 7º ano Wallisson Rodrigues Alves, de 13 anos, afirmou que desde o instante em que passou a frequentar a Casa e a participar dos projetos conseguiu melhorar muitas coisas em sua vida. A principal mudança foi a conquista do hábito de ler diariamente, o que traz muitas conseqüências positivas e ajuda até mesmo a melhorar a performance na escola.
A Casa da Leitura conta ainda com o apoio de um grupo de mães que auxilia voluntariamente as crianças a desenvolverem os trabalhos. São as “Mães amigas da Casa”.

Todos os frequentadores do local concordam que é muito importante terem esse espaço aberto à comunidade e que estimula a curiosidade e a criatividade. As estudantes Débora Santos Salvador, de 11 anos, e Ana Carolina Fernandes Costa, de 10, afirmaram que é maravilhoso participar dos projetos e principalmente terem acesso facilitado a livros diversos, aos livros que quiserem. E que isso com certeza já fez e fará toda a diferença para o futuro delas.

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