sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Terminal rodoviário de Araçatuba ganha novo Ponto de Leitura

São 13 locais que, desde 2011, incentivam a leitura na cidade. Morador pode levar livro para casa ou mesmo fazer doação. Os moradores de Araçatuba (SP) que gostam de ler ganharam mais um incentivo neste mês de novembro. O 13º Ponto de Leitura foi aberto no terminal rodoviário da cidade e funciona durante o dia o todo. O morador pode levar o livro para casa ou mesmo fazer uma doação. 

De acordo com o secretário de cultura da cidade, Hélio Consolaro, esse é um hábito muito positivo, porque aumenta o vocabulário e estimula a criatividade. “O objetivo é levar a leitura e o conhecimento para toda a cidade deixando os livros próximos a população”, comenta Consolaro. 

Desde 2011, Araçatuba realiza o projeto, que vem tendo boa receptividade da população. “A pessoa pode levar o livro, pode doar, ou seja, é um acesso democratizado. Uma vez por semana, um funcionário da biblioteca municipal passa no local para verificar a saída dos livros e fazer um controle”, afirma Consolaro. 

Ainda de acordo com o secretário, os Pontos de Leitura ficam abertos todos os dias e tem o acervo sempre atualizado. “Queremos transformar Araçatuba em uma "cidade leitora", e isso é uma forma de a biblioteca não ficar esperando o leitor só em sua sede. Por isso, ela oferece o livro no ponto de ônibus, na praça, no Pronto Socorro e em vários lugares”, finaliza. 

Confira os endereços dos Pontos de Leitura da cidade: 
Praça João Pessoa, Centro 
Praça Seisaburo Ikeda, Guanabara 
Secretaria Municipal de Cultura, Rua Anita Gribaldi, 75, Centro 
Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Rua Dr. Alcides Fagundes, 222, Aviação Núcleo de Gestão Assistencial (NGA), Rua Jose Bonifácio, 1331, Vila Mendonça 
Pronto Socorro Municipal, Rua Coelho Neto, 1963, São João 
Pronto Socorro Municipal, Rua Dona Ida, 1350, Santana 
Prefeitura Municipal, Rua Coelho Neto, 73, Vila São Paulo 
Pátio da Escola de Samba Virada do Sol, São José 
Banca de revistas, Juçara Praça no bairro Antônio Pagan 
AVIDDA (Associação de Valorização Integral e Dignidade da AIDS), Rua Gonçalves Ledo, 87, Bairro São Joaquim


 Livros ficam a disposição da população durante todo o dia (Foto: Reprodução/TV TEM)Livros ficam a disposição da população durante todo o dia (Foto: Reprodução/TV TEM)

sábado, 1 de novembro de 2014

O impacto dos ebooks na motivação e nas competências de leitura de crianças e jovens

Carlos Pinheiro 

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O National Literacy Trust do Reino Unido e a RM Books estão a investigar o impacto dos ebooks na motivação para leitura e nas competências leitoras das crianças e jovens de 100 escolas do Reino Unido. Os resultados deste estudo serão conhecidos apenas daqui a um ano, em outubro de 2015. Entretanto, foi disponibilizado um estudo exploratório de revisão de literatura – The Impact of ebooks on the Reading Motivation and Reading Skills of Children and Young People, – que faz uma síntese de diferentes estudos publicados nos últimos anos sobre o impacto das tecnologias na leitura.

Algumas das principais conclusões do National Literacy Trust:

  • Quase todas (97%) as crianças disseram que tinham acesso a dispositivos electrónicos, como computadores, tablets, telefones e e-readers, e quase todas ( 97%) tinham acesso à internet em casa.
  • As crianças inquiridas são propensas a dizer que leem mais no ecrã do que no papel fora da escola:
    68,7 % afirmam que leem num computador, telemóvel ou tablet, em comparação com 61,8% de leitura de formatos impresso (por exemplo, um livro, revista ou jornal).
  • Mais de metade (52,4%) prefer ler em dispositivos electrónicos, em comparação com apenas menos de um terço (32%) que disseram preferir ler em papel.
  • A proporção de crianças que já tinha lido um ebook subiu de 25% para 46% entre 2010 e 2012 .
  • A proporção de pessoas que sentiram que ebooks teria um efeito positivo sobre a sua motivação para a leitura
    aumentou de 33% para 49% em relação ao mesmo período.
Fonte: Ler ebooks

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A importância dos livros no ato de aprender e ensinar

João Paulo Vani - Unesp-SJRP
 
Às vésperas de celebrarmos o Dia do Professor, nos tornamos saudosos de nossas lembranças do tempo de colégio. Muitos são capazes de lembrar do nome da primeira professora, dos cenários que compunham o momento de aprender ou até da cartilha das primeiras letras.

É certo que a capacidade de aprender já nasce com cada um de nós e, esse processo natural reflete a necessidade de sobrevivência. Assim, cada ambiente nos obrigará a desenvolver essa ou aquela habilidade, o que acontece também no ambiente escolar, quando acabamos aprendendo melhor aquilo que o nosso professor preferido ensina. Ou será que aquele professor se torna o nosso preferido justamente por ensinar aquilo que gostamos mais?

De acordo com o professor José Moran, docente aposentado da USP, “educar é colaborar para que professores e alunos – nas escolas e organizações – transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional – do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e de trabalho e tornar‐se cidadãos realizados e produtivos”. E para isso, muitas vezes é importante que o professor invista na relação com os alunos em sala de aula.

Uma das questões bastante discutidas nessa relação estabelecida entre professores e alunos é a assimetria que envolve o ambiente de sala de aula. O professor que consegue se aproximar mais de seus alunos, é capaz de conquista-los, fazendo com que haja uma maior disposição do grupo para aquela disciplina. Mas para que isso aconteça, é importante que o professor encontre um ambiente favorável, o que nem sempre existe.

E o livro é, sem dúvida, um importante ator nesse cenário, um dos ingredientes principais dessa mistura entre o aprender e o ensinar. Didático, ou não, romance ou poesia, os livros tornam a vida mais interessante. Os professores são importantes agentes na formação intelectual do indivíduo e são eles que, na maioria das vezes, realizam o papel de incentivar a leitura, de aproximar os alunos dos livros e dos mundos mágicos ali existentes.

E por falar em livros, instrumentos que tanto bem fazem à alma humana e nos permitem correr o mundo sem sair de casa, aqui em nossa cidade eles foram muito bem guardados e protegidos durante as últimas décadas.

A Biblioteca Municipal de São José do Rio Preto, tão frequentada até o início dos anos 1990, quando, sem Internet, a minha geração ainda precisava usar enciclopédias e folhas de papel almaço para os trabalhos escolares, me parecia um lugar mágico. Ao entrar naquele ambiente cheio de mesas amarelas e estantes com livros que pareciam ser infinitos, com a maturidade típica dos 10 anos, sempre me via preso às mesmas perguntas: Por onde começo? Como encontrarei aquilo que preciso? E então sempre vinha alguém em meu socorro.

E foi ali, naquele espaço, que aprendi a admirar e respeitar a figura da bibliotecária, a moça que me ajudava a encontrar o caminho do aprendizado, sem nem imaginar a importância do trabalho realizado por ela para toda a cena cultural de nossa cidade. E mais, sem imaginar que duas décadas depois, seríamos amigos. 

No último dia 1º de outubro, aquela moça se aposentou. O legado deixado pela  bibliotecária da Biblioteca Municipal de São José do Rio Preto, Marciana Lopes, é algo precioso. Marciana foi capaz de pavimentar o caminho para que as pessoas pudessem, cada vez mais, ter acesso aos livros, ao conhecimento, aos sonhos.

Engajada, e de uma nobreza ímpar, conduziu discussões que permitiram que a cultura chegasse mais longe, mesmo a cantos improváveis. E é por isso que, nesse Dia do Professor, agradeço e parabenizo a todos aqueles que foram para as salas de aula e investiram na profissão de ensinar. Aproveito e agradeço especialmente à Marciana, que se dedicou à arte de ensinar tanta gente a aprender.

sábado, 30 de agosto de 2014

Leitura na infância favorece a inteligência

Roberta Machado
Publicação: 27/08/2014 

Estudo que acompanhou diversos gêmeos idênticos por anos mostra que uma boa relação com a literatura no início da vida afeta positivamente diversas habilidades cognitivas na adolescência.
 


Um estudo realizado com gêmeos idênticos no Reino Unido mostra que ler bem no início da infância pode afetar positivamente a inteligência da pessoa para o resto da vida. A pesquisa, conduzida pela Universidade de Edimburgo e pela King’s College de Londres, comparou o nível de leitura de 1.890 pares de irmãos por nove anos e constatou que os indivíduos que se davam bem com os livros a partir da fase de alfabetização desenvolveram habilidades cognitivas superiores na adolescência. A vantagem intelectual dos leitores, aponta o estudo, não foi restrita ao jeito com as palavras e se estendia também à capacidade de raciocínio em testes não relacionados com a literatura. Os resultados podem influenciar na forma como especialistas lidam com a educação infantil.

As crianças acompanhadas foram submetidas a exames de leitura e de inteligência aos 7, 9, 10, 12 e 16 anos. Eles passavam por testes de vocabulário e compreensão de texto, além de terem o conhecimento sobre autores populares sabatinado. A desenvoltura não verbal também foi testada em atividades que mediam o pensamento abstrato e a lógica dos pequenos. Como resultado, aqueles que liam melhor que seus irmãos também tinham desempenho superior em testes de inteligência em cada fase da vida.

“Podemos apenas especular as causas”, ressalta Stuart Ritchie, pesquisador de psicologia na Universidade de Edimburgo e principal autor do trabalho, publicado recentemente em Child Development. Ele aponta que há duas causas principais que podem ligar a leitura ao desenvolvimento da inteligência: “Primeiro, ler permite que as crianças pratiquem habilidades de pensamento, como imaginar outras pessoas, momentos, lugares e objetos que não estão diretamente na frente delas. Essas habilidades abstratas podem ser úteis em testes de inteligência e na performance intelectual de forma geral. Segundo, ler pode levar crianças a praticarem a concentração e o tipo de habilidades necessárias em situações nas quais testes de QI são feitos.”
Crianças em escola francesa: relação com a leitura começa muito antes do processo de alfabetização, dizem especialistas

Influência genética
A participação de gêmeos idênticos no estudo permite que os pesquisadores minimizem a influência de diferenças genéticas ou de criação no desenvolvimento das crianças. “Nunca dá para se excluir fatores genéticos, e acho que os pesquisadores não pretendem fazer isso. Por isso usaram gêmeos. Mas a questão é que a leitura é um fator determinante, com certeza, pois as crianças que não tinham essa habilidade tão desenvolvida ficaram um pouco para trás, mesmo sendo gêmeos”, analisa Augusto Buchweitz, pesquisador do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul. “Eles trabalharam com crianças que estavam num ponto inicial com o mesmo nível de inteligência, mas que, depois da aprendizagem da leitura, manifestaram diferenças”, ressalta o especialista.

As desigualdades de inteligência e de talento para a leitura testadas resultariam, portanto, das experiências que os gêmeos não partilharam, como um professor ou um grupo de amigos. De acordo com o estudo, as influências positivas fazem a diferença desde os 7 anos de idade, quando o destaque na leitura já resulta em melhor desenvolvimento cognitivo.

Para Buchweitz, o segredo está na plasticidade do cérebro infantil. No início da vida, a mente é especialmente receptiva a novos estímulos e tem uma grande capacidade de adaptação. “Nosso cérebro não está programado para ler. Ele não aprende naturalmente como a gente aprende a falar”, explica o brasileiro. “A criança tem de se adaptar a algo que não é natural a ela, ou seja, a leitura, e isso faz com que o cérebro dela se adapte e desenvolva outras habilidades.”

Para os autores do trabalho, a descoberta pode ser uma importante ferramenta para pais e educadores. Como a leitura é um talento que pode ser aprendido e desenvolvido, investir nessa atividade desde o início da infância poderia influenciar a inteligência de forma positiva até a vida adulta. Alunos que não recebem incentivo à leitura desde cedo poderiam sofrer não somente no processo de alfabetização, como também teriam a inteligência prejudicada de forma geral.

Educadores ressaltam que o contato com a leitura, dentro e fora da escola, é fundamental. E esse contato se dá de muitas formas além da de ter um livro nas mãos. A relação com as palavras começa muito antes da alfabetização, como quando o pequeno vê os pais lendo algo ou ouve uma história contada por um adulto. “A atividade de leitura fica carregada de sentido. Se alguém lê um livro para mim, um dia eu poderei ler sozinha. Não é o objeto em si que faz a mágica. O que faz sentido é aquilo que muda a relação que o ser humano tem com esse objeto”, afirma Maria do Rosário Longo Mortatti, presidente da Associação Brasileira de Alfabetização (ABAlf) no biênio 2012-2014.

Nunca é tarde
 
Embora o estudo reforce a importância da leitura desde cedo, os resultados não apontam claramente para uma idade ideal de alfabetização. “Podemos dizer que, ao menos nos termos das variáveis que analisamos, nós não encontramos nenhum efeito negativo na leitura em idade precoce”, ressalta o pesquisador Stuart Ritchie. A vantagem na inteligência foi constatada, inclusive, em crianças que se destacaram em fases posteriores da infância, mostrando que o investimento na literatura também gera frutos em crianças que receberam o estímulo um pouco mais tarde.

No Brasil, o Ministério da Educação estipula que as crianças sejam alfabetizadas até os 8 anos, mas não especifica em que idade esse processo deva ser iniciado. A especialista Maria do Rosário Mortatti, que também é professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília, acredita que o estímulo da leitura deva ser reforçado desde a primeira infância, muito antes de o processo formal de alfabetização ser iniciado. “A idade tem função para certos marcos escolares, rituais escolares. E muitas vezes não tem fundamentação científica nenhuma. Muitas vezes, é uma questão simples, são vagas que estão disponíveis”, alerta a educadora. “A oportunidade de a criança ler ou ouvir textos é imprescindível, e isso é desde bebê.”

Comparação de gêmeos

O Estudo do Desenvolvimento Precoce dos Gêmeos (Teds, na sigla em inglês) é um grande levantamento feito com gêmeos idênticos nascidos no Reino Unido entre 1994 e 1996. Originalmente, a amostra incluía dados de 8.163 famílias, acompanhadas em 1 momentos diferentes da vida dessas crianças. Os dados colhidos servem de base para uma série de pesquisas até hoje e são uma importante fonte para a comparação de desenvolvimento de crianças com similaridades genéticas e de criação. 

Fonte: em.com.br

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Estudo comprova que leitura modifica a estrutura do cérebro

Se você é um ávido leitor, saiba que esse hábito pode mudar a estrutura do seu cérebro. Entenda como isso funciona

 
Fonte: Shutterstock
 O hábito de ler diferentes tipos de obras desenvolve 
uma alta conectividade no córtex temporal esquerdo

A maioria das pessoas já sabe os benefícios que a leitura traz para o cérebro: aumento da capacidade de manter a atenção, aumento do vocabulário, entre outras coisas. Entretanto, um estudo recente realizado pela Emory University, nos Estados Unidos, chegou a um resultado surpreendente: ler muito pode mudar a estrutura cerebral.

Estudos passados mostraram como cérebro se comporta durante a leitura. Agora, os pesquisadores Gregory S. Berns, Kristina Blaine, Michael J. Prietula e Brandon E. Pye quiseram entender se o hábito de ler pode trazer modificações mais permanentes ao cérebro. Eles desenvolveram um processo de leitura com estudantes da Emory University: um grupo misturou romances com livros relacionados aos seus cursos, e o outro grupo leu somente estudos e obras acadêmicas.

Após o fim da pesquisa, o resultado foi maior do que eles imaginavam. Os alunos que criaram o hábito de ler diferentes tipos de obras desenvolveram uma alta conectividade no córtex temporal esquerdo, área responsável pela assimilação da linguagem. Isso significa que eles conseguiam compreender e processar o que estava escrito de maneira mais rápida e completa do que pessoas que não possuíam o hábito de ler.

Além disso, as conectividades do córtex temporal esquerdo fazem com que o cérebro consiga conectar ideias (palavras) com as sensações que elas representam. Ou seja: ao lerem a palavra “correr”, os participantes que liam mais conseguiam sentir as sensações de uma corrida de maneira mais eficaz do que os outros.
A conclusão que os pesquisadores chegaram é que pessoas que possuem o hábito de ler conseguem sentir uma empatia maior com os personagens dos livros e, por isso, vivenciar uma experiência mais forte com a leitura. Que tal um bom livro? Aqui você pode baixar mais de 1.000 livros grátis. Confira a lista e boa leitura!

Fonte: Universia

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Bibliotecas têm papel essencial para estimular leitura no país

Christine Castilho Fontelles

Especial para o UOL

"Não entendi nada!". Um número expressivo de pessoas, jovens e adultos, vive cotidianamente este tormento de efeito paralisante diante de uma bula de remédio, de um trecho de texto jornalístico, do assunto de uma prova, de uma mensagem qualquer, uma opinião, um poema.

Não nascemos sabendo e nem gostando de ler, por isso é preciso educar para ler desde a primeira infância, ler gêneros diversificados, ler literatura. E, sim, a biblioteca é a casa do leitor e suas portas devem estar escancaradas para ele!

Afinal, pra que serve a biblioteca? A biblioteca pública aberta à comunidade é o lugar por excelência para termos acesso gratuito aos recursos e atendimento  para que possamos fazer nossas consultas, empréstimos, pesquisas e nos tornarmos leitores.

Educar para ler é uma missão que requer esforço, concentração e criatividade, principalmente em uma época com excesso de informações midiáticas e escassez de tempo, como a nossa. Logo, é fundamental que a biblioteca seja viva e se prepare para atrair e reter usuários com estratégias pensadas e sistematicamente ofertadas aos seus vários públicos: bebês, crianças, jovens, adultos.

Se alguém entra para ler jornal, por exemplo, pode ser cuidadosamente envolvido e convencido a testar outras leituras. Bibliotecas bacanas ficam subutilizadas muitas vezes porque falta este tipo de atendimento - conheci uma belíssima biblioteca-parque em Bogotá que passava os dias da semana praticamente vazia de público para tudo.

Como acontecia nas boas locadoras de "antigamente": tinha sempre um funcionário que nos apresentava aquele novo filme com aquele ator e aquele tema do nosso interesse e, dias depois, nos convencia a testar aquele filme com aquele ator que daquela vez fazia outro papel.

E lá íamos nós, saltitando entre comédia, drama, romance, ficção científica, cult, film noir. Testando palpites do cúmplice e aliado desta aventura cinematográfica.

Não nascemos sabendo e nem gostando de ler, por isso é preciso educar para ler desde a primeira infância Christine Fontelles, socióloga e diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, sobre a importância da orientação para a leitura

Divulgação


Minha convicção é de que não há jornada leitora sem o apoio de um leitor, no caso, um bibliotecário leitor. Os humanos precisam uns dos outros para aprender e neste caso não é diferente, mas essencial. E isso está dito em qualquer pesquisa já realizada sobre comportamento leitor.

Deve ficar ao gosto e às possibilidades do leitor se será em suporte impresso ou digital: na Biblioteca de São Paulo (zona Norte da cidade), por exemplo, leitores digitais estão disponíveis para os usuários, mas por enquanto só podem ser usados dentro da própria biblioteca.

Em países da Europa e nos EUA já existem empresas como a Public Library Online, que disponibilizam acervo digital aos usuários de bibliotecas públicas, que podem baixá-los em seus próprios dispositivos eletrônicos.

O que precisamos é ler, ler, ler, como dizia Castro Alves: "Bendito o que semeia livros à mão cheia. E manda o povo pensar! O livro, caindo n'alma. É germe – que faz a palma, É chuva – que faz o mar!".

Infraestrutura

Acervo atraente e permanentemente atualizado, conforto térmico, iluminação adequada, atendimento cotidiano, incluindo à noite e em feriados são outros fatores determinantes para o seu bom desempenho.
A capacidade das bibliotecas de promover a leitura depende diretamente do uso que se faz delas. E o uso será cada vez mais intenso quanto melhor for a qualidade dos serviços prestados. E daí derivarão outros impactos.

A criação de uma rede de conectividade (internet banda larga) entre as bibliotecas é mais uma forma de promoção do intercâmbio de experiência e renovação do conhecimento. Sobretudo em um país como o nosso, com as proporções territoriais e diversidades, de modo a romper a defasagem que o isolamento geográfico inevitavelmente gera.

Até 2020 todas as escolas do país, públicas e privadas, devem ter uma biblioteca Christine Fontelles, socióloga e diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, sobre a lei 12244/10
E, sim, bibliotecas em escola, comprometidas com seu projeto pedagógico e preferencialmente abertas à comunidade, pois há rincões neste país, mesmo em centros urbanos como São Paulo ou Rio de Janeiro, onde a escola é a única possibilidade de contato com a educação e a cultura.

Além do que, é uma estratégia importante para aproximar as famílias na construção de cultura leitora, que é tarefa pra toda uma vida, e deve começar em casa já na primeira infância, quando as crianças ainda não sabem falar.

O professor leitor, auxiliado por uma bela biblioteca na escola, pode muito. Agora é lei, número 12.244/10: até 2020 todas as escolas do país, públicas e privadas, devem ter uma biblioteca.

É preciso reconhecer que a biblioteca é um espaço organizado para a convivência cotidiana com a leiturae que não existe um usuário ou leitor típico, e sim uma multiplicidade de usuários e leitores agindo em nome de necessidades, valores, hábitos e expectativas variáveis.

E a boa biblioteca é aquela que atende e surpreende seu público com ofertas de leituras igualmente variáveis e reveladoras, que coloca à sua disposição todos os recursos para permitir o desenvolvimento de uma leitura de mundo apurada, sensível, inovadora, que contribua para que aprenda a aprender como atuar, ser sujeito, cidadão e solidário num mundo em permanente transformação.

Fonte:  UOL Notícias

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Promover o prazer da leitura e escrita na criança com Síndrome de Down: dissertação de mestrado




Eis uma dissertação de mestrado de 2008, de autoria de Isabel Rocha, intitulada "Promover o prazer da leitura e escrita na criança com Síndrome de Down":

“O professor está sujeito a lidar com crianças com as demais problemáticas e o Síndrome de Down não é exceção, mas uma realidade, perante a qual muitos educadores/professores não sabem como ativar. Deste modo, consideramos pertinente a elaboração de um estudo que prove que estas crianças aprendem a ler e a escrever com prazer, são capazes de adquirir as competências estabelecidas nas escolas. No entanto, para alcançar este fim, é fundamental proporcionar um processo de ensino/aprendizagem otimizado, que visa a adaptação e o desenvolvimento de diversos métodos e estratégias de ensino. E foi com base nesta realidade que realizámos um estudo de caso, onde trabalhámos com uma criança com Trissomia 21, com 10 anos de idade, que apresentava dificuldades de aprendizagem e uma grande aversão pela leitura e pela escrita. Depois de lhe termos proporcionado atividades interessantes, dinâmicas e muito atrativas, onde o aluno manuseou diferentes materiais, concluímos que esta criança apenas necessita de alguém que a motive, desperte a sua atenção, pois hoje o "João" adora ler e fá-lo com agrado e eficiência”. 

Consulte AQUI a tese na íntegra.

Fonte: O Lobo Leitor

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Gibis podem ser aliados das crianças na construção da leitura


Por Ana Cássia Maturano




A personagem mais popular das histórias em quadrinhos, em nosso país, vai completar 50 anos. Várias gerações a acompanharam e presenciaram suas mudanças: sua aparência é outra, transformou-se em uma bela mulher e se casou. Com aquele garoto dos cabelos espetados, que passou a infância tentando roubar seu coelho azul.

Com certeza eles dispensam apresentações. Mônica, Cebolinha, Sansão e toda a turminha são conhecidos da maioria das pessoas. Até dos sexagenários, que na época de seu lançamento já tinham seus 10 anos. Fãs não faltam.

Assim como as críticas. Para muitos a Mônica não passa de uma feminista, outros torcem o nariz para os produtos associados aos personagens. Sem contar os que não conseguem enxergar nada em suas histórias que possa contribuir para a formação dos pequenos.

Assim como qualquer tipo de literatura, os quadrinhos passam uma visão de mundo e valores. Não é diferente com os dessa turma. No entanto, eles também trazem conflitos humanos e personagens com as mais diferentes características. O livro “Fadas no divã: psicanálise nas histórias infantis”, de Diana Lichtenstein Corso e Mário Corso (Artmed, 2005), aponta algumas características nem sempre vistas, como a questão infantil da inserção no grupo e saída da família, ou mesmo a fobia encontrada no personagem Cascão, que morre de medo da água.

Outras críticas recebidas pelas HQs se referem ao seu valor literário. Geralmente são consideradas de baixa qualidade, sendo desnecessário as crianças lerem, pois não seria nada mais que um passatempo. No entanto, seu formato alia texto e imagem, como os livros ilustrados, facilitando o trabalho do leitor principiante, assim como sua linguagem mais ágil. Algumas histórias sem texto estimulam o desenvolvimento da linguagem quando a criança é solicitada a contá-la com suas palavras. Elas podem ser uma ferramenta importante no processo de construção da leitura pelos pequenos.

Isso deveria ser mais explorado pelas escolas, sobretudo nos anos iniciais do ensino fundamental. Muitas vezes, os alunos são obrigados a trabalhar com textos desinteressantes para a idade, como os jornalísticos (as escolas adoram pedir-lhes que leiam notícias de jornal já no primeiro ano).

Nessa época, mais que refinar o interesse e a experiência, é necessário cultivar o gosto pela leitura. Os gibis costumam fazer isso. Conheço adultos que leem muito, inclusive livros considerados cultos, e que começaram lendo esse tipo de publicação. Inclusive, já existem versões dos gibis da Turma da Mônica em inglês e espanhol, algo que poderia ser aproveitado por essa disciplinas na escola.

Parabéns à Mônica pelos 50 anos e a toda a turminha. Obrigada pelas histórias e aventuras. A torcida é para que continuem alegrando as crianças por muitos e muitos anos.

Fonte: G1

Pediatras americanos recomendam ler para bebês desde seu nascimento

Leitura estimula aquisição da linguagem e capacidade de comunicação.
Associação recomenda que pais leiam pelo menos até filho fazer 3 anos.


Da AFP

  Pais devem ler para estimular aquisição da linguagem e habilidades de comunicação, segundo Associação Americana de Pediatria (Foto: B. Boissonnet/BSIP)  
Pais devem ler para estimular aquisição da linguagem e habilidades de comunicação, segundo Associação Americana de Pediatria (Foto: B. Boissonnet/BSIP)
 
A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomendou, nesta terça-feira (24), que os pais leiam para seus filhos do nascimento até pelo menos os três anos para estimular a aquisição da linguagem e outras capacidades comunicativas.

"Ler histórias com regularidade para crianças pequenas desde o seu nascimento estimula de forma ótima seu cérebro e reforça a relação com os pais em um momento crucial de seu desenvolvimento. Em contrapartida, as crianças desenvolvem a linguagem, o aprendizado da leitura e adquirem capacidades sócio-emocionais para o resto de suas vidas", explicou a AAP.

Esta recomendação se apoia no fato cada vez mais reconhecido pelos neurologistas de que uma parte importante do desenvolvimento do cérebro se dá nos primeiros três anos de vida.

A AAP recomenda aos pediatras que, durante suas consultas, promovam com os pais esta aproximação à leitura para recém-nascidos até os três anos de idade, quando as crianças entram no ciclo pré-escolar.
A academia destacou que uma criança em cada três nos Estados Unidos chega à pré-escola sem os conhecimentos necessários para aprender a ler.

A academia de psiquiatria lembrou que, a cada ano, 75% das crianças e 80% dos que vivem abaixo do limite da pobreza nos Estados Unidos não atingem um nível de leitura suficiente no quinto ano do ensino fundamental, ou seja, aos oito ou nove anos de idade.

A APP pede a "seus membros que incentivem todos os pais a ler em voz alta textos para seus filhos pequenos, o que pode reforçar a relação entre ambos e prepará-los para adquirir linguagem e as primeiras bases da alfabetização".

Embora alguns pais com nível superior leiam poesia e façam os filhos ouvir Mozart desde que estão na barriga da mãe, estudos mostram que muitos outros não leem histórias para os filhos com a frequência recomendada pelos cientistas.

Esta é a primeira vez que a AAP publica este tipo de recomendações, com as quais incentiva os pediatras a dar, além de conselhos, livros infantis para famílias carentes.

Fonte: G1

quinta-feira, 19 de junho de 2014

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Neil Gaiman: Por que nosso futuro depende de bibliotecas, de leitura e de sonhar acordado

Uma palestra que explica porque usar nossas imaginações e providenciar para que outros utilizem as suas, é uma obrigação de todos os cidadãos

pelo The Guardian, em 15/10/2013

Neil Gaiman
“Temos a obrigação de imaginar…” 
 Neil Gaiman dá uma palestra anual à Reading Agency sobre o futuro da leitura e das bibliotecas. Fotografia: Robyn Mayes.

É importante para as pessoas dizerem de que lado elas estão e porque, e se elas podem ou não ser tendenciosas. Um tipo de declaração de interesse dos membros. Então eu estarei conversando com vocês sobre leitura. Direi à vocês que as bibliotecas são importantes. Vou sugerir que ler ficção, que ler por prazer, é uma das coisas mais importantes que alguém pode fazer. Vou fazer um apelo apaixonado para que as pessoas entendam o que as bibliotecas e os bibliotecários são e para que preservem ambos. 

E eu sou óbvia e enormemente tendencioso: eu sou um escritor, muitas vezes um autor de ficção. Escrevo para crianças e adultos. Por cerca de 30 anos eu tenho ganhado a minha vida através das minhas palavras, principalmente por inventar as coisas e escrevê-las. Obviamente está em meu interesse que as pessoas leiam, que elas leiam ficção, que bibliotecas e bibliotecários existam para nutrir amor pela leitura e lugares onde a leitura possa ocorrer.

Então sou tendencioso como escritor. Mas eu sou muito, muito mais tendencioso como leitor. E eu sou ainda mais tendencioso enquanto cidadão britânico.

E estou aqui dando essa palestra hoje a noite sob os auspícios da Reading Agency: uma instituição filantrópica cuja missão é dar a todos as mesmas oportunidades na vida, ajudando as pessoas a se tornarem leitores entusiasmados e confiantes. Que apoia programas de alfabetização, bibliotecas e indivíduos e arbitrária e abertamente incentiva o ato da leitura. Porque, eles nos dizem, tudo muda quando lemos.

E é sobre essa mudança e este ato de leitura que quero falar hoje a noite. Eu quero falar sobre o que a leitura faz. O porquê de ela ser boa.

Uma vez eu estava em Nova York e ouvi uma palestra sobre a construção de prisões particulares – uma ampla indústria em crescimento nos Estados Unidos. A indústria de prisões precisa planejar o seu futuro crescimento – quantas celas precisarão? Quantos prisioneiros teremos daqui 15 anos? E eles descobriram que poderiam prever isso muito facilmente, usando um algoritmo bastante simples, baseado em perguntar a porcentagem de crianças de 10 e 11 anos que não conseguiam ler. E certamente não conseguiam ler por prazer.

Não é um pra um: você não pode dizer que uma sociedade alfabetizada não tenha criminalidade. Mas existem correlações bastante reais.

E eu acho que algumas destas correlações, a mais simples, vem de algo muito simples. As pessoas alfabetizadas leem ficção.

A ficção tem duas utilidades. Primeiramente, é uma droga que é uma porta para leituras. O desejo de saber o que acontece em seguida, de querer virar a página, a necessidade de continuar, mesmo que seja difícil, porque alguém está em perigo e você precisa saber como tudo vai acabar… Este é um desejo muito real. E te força a aprender novos mundos, a pensar novos pensamentos, a continuar. Descobrir que a leitura por si é prazerosa. Uma vez que você aprende isso, você está no caminho para ler de tudo. E a leitura é a chave. Houve um burburinho brevemente há alguns anos atrás sobre a idéia de que estávamos vivendo em um mundo pós-alfabetizado, no qual a habilidade de fazer sentido através de palavras escritas estava de alguma forma redundante, mas esses dias acabaram: as palavras são mais importantes do que jamais foram: nós navegamos o mundo com palavras, e uma vez que o mundo desliza para a web, precisamos seguir, comunicar e compreender o que estamos lendo. As pessoas que não podem entender umas às outras não podem trocar idéias, não podem se comunicar e apenas programas de tradução vão tão longe.

A forma mais simples de ter certeza de que educamos crianças alfabetizadas é ensiná-los a ler, e mostrarmos a eles que a leitura é uma atividade prazerosa. E isso significa, na sua forma mais simples, encontrar livros que eles gostem, dar a eles acesso a estes livros e deixar que eles os leiam.

Eu não acho que exista algo como um livro ruim para crianças. Vez e outra se torna moda entre alguns adultos escolher um subconjunto de livros para crianças, um gênero, talvez, ou um autor e declará-los livros ruins, livros que as crianças devem parar de ler. Eu já vi isso acontecer repetidamente; Enid Blyton foi declarado um autor ruim, RL Stine também, assim como dúzias de outros. Quadrinhos tem sido acusados de promover o analfabetismo.

Enid Blyton's Famous Five book Five Get Into a Fix
Não existem escritores ruins… O famoso livro de Enid Blyton. Foto: Greg Balfour Evans/Alamy

É tosco. É arrogante e é burro. Não existem autores ruins para crianças, que as crianças gostem e querem ler e buscar, por que cada criança é diferente. Eles podem encontrar as histórias que eles precisam, e eles levam a si mesmos nas histórias. Uma idéia banal e desgastada não é banal nem desgastada para eles. Esta é a primeira vez que a criança a encontrou. Não desencoraje uma criança de ler porque você acha que o que eles estão lendo é errado. A ficção que você não gosta é uma rota para outros livros que você pode preferir. E nem todo mundo tem o mesmo gosto que você.

Adultos bem intencionados podem facilmente destruir o amor de uma criança pela leitura: parar de ler pra eles o que eles gostam, ou dar a eles livros ‘chatos mas que valem a pena’ que você gosta, os equivalentes “melhorados” da literatura Vitoriana do século XXI. Você acabará com uma geração convencida de que ler não é legal e pior ainda, desagradável.

Precisamos que nossas crianças entrem na escada da leitura: qualquer coisa que eles gostarem de ler irá movê-las, degrau por degrau, à alfabetização. (Além disso, não faça o que eu fiz quando a minha filha de 11 anos estava gostando de ler RL Stine, que foi pegar uma cópia de Carrie do Stephen King e dizer que se você gosta deste, adorará isto! Holly não leu nada além de histórias seguras de colonos em pradarias pelo resto de sua adolescência e até hoje me dá olhares tortos quando o nome de Stephen King é mencionado).

E a segunda coisa que a ficção faz é construir empatia. Quando você assiste TV ou vê um filme, você está olhando para coisas acontecendo a outras pessoas. Ficção de prosa é algo que você constrói a partir de 26 letras e um punhado de sinais de pontuação, e você, você sozinho, usando a sua imaginação, cria um mundo e o povoa e olha através dos olhos de outros. Você sente coisas, visita lugares e mundos que você jamais conheceria de outro modo. Você aprende que qualquer outra pessoa lá fora é um eu, também. Você está sendo outra pessoa e quando você volta ao seu próprio mundo, você estará levemente transformado.
Empatia é uma ferramenta para tornar pessoas em grupos, que nos permite que funcionemos como mais do que indivíduos auto-obcecados.

Você também está descobrindo algo enquanto lê que é de vital importância para fazer o seu caminho no mundo. E é isto:

O mundo não precisa ser assim. As coisas podem ser diferentes.

Eu estive na China em 2007 na primeira convenção de ficção científica e fantasia aprovada pelo partido na história da China. E em algum momento eu tomei um alto oficial de lado e perguntei a ele “Por que? A ficção científica foi reprovada por tanto tempo. Por que isso mudou?”. É simples, ele me disse. Os chineses eram brilhantes em fazer coisas se outras pessoas trouxessem os planos para eles. Mas eles não inovavam e não inventavam. Eles não imaginavam. Então eles mandaram uma delegação para os Estados Unidos, para a Apple, para a Microsoft, para o Google, e eles perguntaram às pessoas de lá que estavam inventando seu próprio futuro. E eles descobriram que todos eles leram ficção científica quando eram meninos e meninas. A ficção pode te mostrar um outro mundo. Pode te levar para um lugar que você nunca esteve. E uma vez que você tenha visitado outros mundos, como aqueles que comeram a fruta da fada, você pode nunca mais ficar completamente satisfeito com o mundo no qual você cresceu. Descontentamento é uma coisa boa: pessoas descontentes podem modificar e melhorar o mundo, deixá-lo melhor, deixá-lo diferente.E enquanto ainda estamos nesse assunto, eu gostaria de dizer algumas palavras sobre escapismo. Eu ouço o termo utilizado por aí como se fosse uma coisa ruim. Como se ficção “escapista” fosse um ópio barato utilizado pelos confusos e pelos tolos e pelos desiludidos e a única ficção que seja válida, para adultos ou crianças é a ficção mimética, espelhando o pior do mundo em que o leitor ou a leitora se encontra.

Se você estivesse preso em uma situação impossível, em um lugar desagradável, com pessoas que te quisessem mal, e alguém te oferecesse um escape temporário, por que você não ia aceitar isso? E ficção escapista é apenas isso: ficção que abre uma porta, mostra o sol lá fora, te dá um lugar para ir onde você esteja no controle, esteja com pessoas com quem você queira estar (e livros são lugares reais, não se enganem sobre isso); e mais importante, durante o seu escape, livros também podem te dar conhecimento sobre o mundo e o seu predicamento, te dar armas, te dar armaduras: coisas reais que você pode levar de volta para a sua prisão. Habilidades e conhecimento e ferramentas que você pode utilizar para escapar de verdade.

Como JRR Tolkien nos lembrou, as únicas pessoas que fazem injúrias contra o escape são prisioneiros.

A ilustração de Tolkien da casa de Bilbo
A ilustração de Tolkien da casa de Bilbo, Bag End. Foto: HarperCollins

Outra forma de destruir o amor de uma criança pela leitura, claro, é se assegurar de que não existam livros de nenhum tipo por perto. E não dar a elas nenhum lugar para que leiam estes livros. Eu tive sorte. Eu tive uma biblioteca local excelente enquanto eu cresci. Eu tive o tipo de pais que podiam ser persuadidos a me deixar na biblioteca no caminho do trabalho deles nas férias de verão, e o tipo de bibliotecários que não se importavam que um menino pequeno e desacompanhado ficasse na biblioteca das crianças todas as manhãs e ficasse mexendo no catálogo de cartões, procurando por livros com fantasmas ou mágica ou foguetes neles, procurando por vampiros ou detetives ou bruxas ou fantasias. E quando eu terminei de ler a biblioteca de crianças eu comecei a de adultos.

Eles eram ótimos bibliotecários. Eles gostavam de livros e eles gostavam dos livros que estavam sendo lidos. Eles me ensinaram como pedir livros das outras bibliotecas em empréstimo inter-bibliotecas. Eles não eram arrogantes em relação a nada que eu lesse. Eles pareciam apenas gostar do fato de existir esse menininho de olhos arregalados que amava ler, e conversariam comigo sobre os livros que eu estava lendo, achariam pra mim outros livros em uma série, eles ajudariam. Eles me tratavam como outro leitor – nem mais, nem menos – o que significa que eles me tratavam com respeito. Eu não estava acostumado a ser tratado com respeito aos oito anos de idade.

Mas as bibliotecas tem a ver com liberdade. A liberdade de ler, a liberdade de ideias, a liberdade de comunicação. Elas tem a ver com educação (que não é um processo que termina no dia que deixamos a escola ou a universidade), com entretenimento, tem a ver com criar espaços seguros e com o acesso à informação.

Eu me preocupo que no século XXI as pessoas entendam errado o que são bibliotecas e qual é o propósito delas. Se você perceber uma biblioteca como estantes com livros, pode parecer antiquado e datado em um mundo no qual a maioria, mas não todos, os livros impressos existem digitalmente. Mas pensar assim é errar o ponto fundamentalmente.

Eu acho que tem a ver com a natureza da informação. A informação tem valor, e a informação certa tem um enorme valor. Por toda a história humana, nós vivemos em escassez de informação e ter a informação desejada era sempre importante, e sempre valia alguma coisa: quando plantar sementes, onde achar as coisas, mapas e histórias e estórias – eles eram sempre bons para uma refeição e companhia. Informação era uma coisa valorosa, e aqueles que a tinham ou podiam obtê-la podiam cobrar por este serviço.

Nos últimos anos, nos mudamos de uma economia de escassez da informação para uma dirigida por um excesso de informação. De acordo com o Eric Schmidt do Google, a cada dois dias agora a raça humana cria tanta informação quanto criávamos desde o início da civilização até 2003. Isto é cerca de cinco exobytes de dados por dia, para vocês que mantém a contagem. O desafio se torna não encontrar aquela planta escassa crescendo no deserto, mas encontrar uma planta específica crescendo em uma floresta. Precisaremos de ajuda para navegar nesta informação e achar a coisa que precisamos de verdade.

Menino lendo em sua escola
Foto: Alamy

Bibliotecas são lugares que pessoas vão para obter informação. Livros são apenas a ponta do iceberg da informação: eles estão lá, e bibliotecas podem fornecer livros gratuitamente e legalmente. Crianças estão emprestando livros de bibliotecas hoje mais do que nunca – livros de todos os tipos: de papel e digital e em áudio. Mas as bibliotecas também são, por exemplo, lugares onde pessoas que não tem computadores, que podem não ter conexão à internet, podem ficar online sem pagar nada: o que é imensamente importante quando a forma que você procura empregos, se candidata para entrevistas ou aplica para benefícios está cada vez mais migrando para o ambiente exclusivamente online. Bibliotecários podem ajudar estas pessoas a navegar neste mundo.

Eu não acredito que todos os livros irão ou devam migrar para as telas: como Douglas Adams uma vez me falou, mais de 20 anos antes do Kindle aparecer, um livro físico é como um tubarão. Tubarões são velhos: existiam tubarões nos oceanos antes dos dinossauros. E a razão de ainda existirem tubarões é que tubarões são melhores em serem tubarões do que qualquer outra coisa que exista. Livros físicos são durões, difíceis de destruir, resistentes à banhos, operam a luz do sol, ficam bem na sua mão: eles são bons em serem livros, e sempre existirá um lugar para eles. Eles pertencem às bibliotecas, bem como as bibliotecas já se tornaram lugares que você pode ir para ter acesso à ebooks, e audio-livros e DVDs e conteúdo na web.

Uma biblioteca é um lugar que é um repositório de informação e dá a cada cidadão acesso igualitário a ele. Isso inclui informação sobre saúde. E informação sobre saúde mental. É um espaço comunitário. É um lugar de segurança, um refúgio do mundo. É um lugar com bibliotecários. Como as bibliotecas do futuro serão é algo que deveríamos estar imaginando agora.

Alfabetização é mais importante do que nunca, nesse mundo de mensagens e e-mail, um mundo de informação escrita. Precisamos ler e escrever, precisamos de cidadãos globais que possam ler confortavelmente, compreender o que estão lendo, entender as nuances e se fazer entender.

As bibliotecas realmente são os portais para o futuro. É tão lamentável que, ao redor do mundo, nós observemos autoridades locais apropriarem-se da oportunidade de fechar bibliotecas como uma maneira fácil de poupar dinheiro, sem perceber que eles estão roubando do futuro para serem pagos hoje. Eles estão fechando os portões que deveriam ser abertos.

De acordo com um estudo recente feito pela Organisation for Economic Cooperation and Development, a Ingaterra é o “único país onde o grupo de mais idade tem mais proficiência tanto em alfabetização quanto em capacidade de usar ou entender as técnicas numéricas da matemática do que o grupo mais jovem, depois de outros fatores, tais como gênero, perfis sócio-econômicos e tipo de ocupações levados em consideração”.

Colocando de outro modo, nossas crianças e netos são menos alfabetizados e menos capazes de utilizar técnicas de matemática do que nós. Eles são menos capazes de navegar o mundo, de entendê-lo e de resolver problemas. Eles podem ser mais facilmente enganados e iludidos, serão menos capazes de mudar o mundo em que se encontram, ser menos empregáveis. Todas essas coisas. E como um país, a Inglaterra ficará para trás em relação a outras nações desenvolvidas porque faltará mão de obra especializada.

Livros são a forma com a qual nós nos comunicamos com os mortos. A forma que aprendemos lições com aqueles que não estão mais entre nós, que a humanidade se construiu, progrediu, fez com que o conhecimento fosse incremental ao invés de algo que precise ser reaprendido, de novo e de novo. Existem contos que são mais velhos que alguns países, contos que sobreviveram às culturas e aos prédios nos quais eles foram contados pela primeira vez.

Eu acho que nós temos responsabilidades com o futuro. Responsabilidades e obrigações com as crianças, com os adultos que essas crianças se tornarão, com o mundo que eles habitarão. Todos nós – enquanto leitores, escritores, cidadãos – temos obrigações. Pensei em tentar explicitar algumas dessas obrigações aqui.

Eu acredito que temos uma obrigação de ler por prazer, em lugares públicos e privados. Se lermos por prazer, se outros nos verem lendo, então nós aprendemos, exercitamos nossas imaginações. Mostramos aos outros que ler é uma coisa boa.

Temos a obrigação de apoiar bibliotecas. De usar bibliotecas, de encorajar outras pessoas a utilizarem bibliotecas, de protestar contra o fechamento de bibliotecas. Se você não valoriza bibliotecas então você não valoriza informação ou cultura ou sabedoria. Você está silenciando as vozes do passado e você está prejudicando o futuro.

Temos a obrigação de ler em voz alta para nossas crianças. De ler pra elas coisas que elas gostem. De ler pra elas histórias das quais já estamos cansados. Fazer as vozes, fazer com que seja interessante e não parar de ler pra elas apenas porque elas já aprenderam a ler sozinhas. Use o tempo de leitura em voz alta para um momento de aproximação, como um tempo onde não se fique checando o telefone, quando as distrações do mundo são postas de lado.

Temos a obrigação de usar a linguagem. De nos esforçarmos: descobrir o que as palavras significam e como empregá-las, nos comunicarmos claramente, de dizer o que estamos querendo dizer. Não devemos tentar congelar a linguagem, ou fingir que é uma coisa morta que deve ser reverenciada, mas devemos usá-la como algo vivo, que flui, que empresta palavras, que permite que significados e pronúncias mudem com o tempo.
Nós escritores – e especialmente escritores para crianças, mas todos os escritores – temos uma obrigação com nossos leitores: é a obrigação de escrever coisas verdadeiras, especialmente importantes quando estamos criando contos de pessoas que não existem em lugares que nunca existiram – entender que a verdade não está no que acontece mas no que ela nos diz sobre quem somos. A ficção é a mentira que diz a verdade, afinal. Temos a obrigação de não entediar nossos leitores, mas fazê-los sentir a necessidade de virar as páginas. Uma das melhores curas para um leitor relutante, afinal, é uma estória que eles não são capazes de parar de ler. E enquanto nós precisamos contar a nossos leitores coisas verdadeiras e dar a ele armas e dar a eles armaduras e passar a eles qualquer sabedoria que recolhemos em nossa curta estadia nesse mundo verde, nós temos a obrigação de não pregar, não ensinar, não forçar mensagens e morais pré-digeridas goela abaixo em nossos leitores como pássaros adultos alimentando seus bebês com vermes pré-mastigados; e nós temos a obrigação de nunca, em nenhuma circunstância, escrever nada para crianças que nós mesmos não gostaríamos de ler.

Temos a obrigação de entender e reconhecer que enquanto escritores para crianças nós estamos fazendo um trabalho importante, porque se nós estragarmos isso e escrevermos livros chatos que distanciam as crianças da leitura e de livros, nós estaremos menosprezando o nosso próprio futuro e diminuindo o deles.
Todos nós – adultos e crianças, escritores e leitores – temos a obrigação de sonhar acordado. Temos a obrigação de imaginar. É fácil fingir que ninguém pode mudar coisa alguma, que estamos num mundo no qual a sociedade é enorme e que o indivíduo é menos que nada: um átomo numa parede, um grão de arroz num arrozal. Mas a verdade é que indivíduos mudam o seu próprio mundo de novo e de novo, indivíduos fazem o futuro e eles fazem isso porque imaginam que as coisas podem ser diferentes.

Olhe à sua volta: eu falo sério. Pare por um momento e olhe em volta da sala em que você está. Eu vou dizer algo tão óbvio que a tendência é que seja esquecido. É isto: que tudo o que você vê, incluindo as paredes, foi, em algum momento, imaginado. Alguém decidiu que era mais fácil sentar numa cadeira do que no chão e imaginou a cadeira. Alguém tinha que imaginar uma forma que eu pudesse falar com vocês em Londres agora mesmo sem que todos ficássemos tomando uma chuva. Este quarto e as coisas nele, e todas as outras coisas nesse prédio, esta cidade, existem porque, de novo e de novo e de novo as pessoas imaginaram coisas.

Temos a obrigação de fazer com que as coisas sejam belas. Não de deixar o mundo mais feio do que já encontramos, não de esvaziar os oceanos, não de deixar nossos problemas para a próxima geração. Temos a obrigação de limpar tudo o que sujamos, e não deixar nossas crianças com um mundo que nós desarrumamos, vilipendiamos e aleijamos de forma míope.

Temos a obrigação de dizer aos nossos políticos o que queremos, votar contra políticos ou quaisquer partidos que não compreendem o valor da leitura na criação de cidadãos decentes, que não querem agir para preservar e proteger o conhecimento e encorajar a alfabetização. Esta não é uma questão de partidos políticos. Esta é uma questão de humanidade em comum.

Uma vez perguntaram a Albert Einstein como ele poderia tornar nossas crianças inteligentes. A resposta dele foi simples e sábia. “Se você quer que crianças sejam inteligentes”, ele disse, “leiam contos de fadas para elas. Se você quer que elas sejam mais inteligentes, leia mais contos de fadas para elas”. Ele entendeu o valor da leitura e da imaginação. Eu espero que possamos dar às nossas crianças um mundo no qual elas possam ler, e que leiam para elas, e imaginar e compreender.

• Esta é uma versão editada da palestra do Neil Gaiman para a Reading Agency, realizada dia 14 de outubro de 2013 (segunda-feira) no Barbican em Londres. A série anual de palestras da Reading Agency começou em 2012 como uma plataforma para que escritores e pensadores compartilhassem ideias originais e desafiadoras sobre a leitura e as bibliotecas.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Hábito da leitura deve vir da infância


31ª edição da Feira do Livro de Brasília
Pesquisa mostra que mãe é apontada por 41% dos entrevistados como uma das duas pessoas que mais influenciam o gosto pela leitura  (Valter Campanato / ABr)
 
A leitura, além de ser um dos maiores prazeres da vida, ajuda a abrir um mundo de oportunidades. Quem lê sabe mais, aprende melhor, tira boas notas na escola e, depois de adulto, consegue bons empregos. Mas, infelizmente, poucos brasileiros têm o hábito da leitura.
 
O “leitor ativo” é a pessoa que lê pelo menos quatro livros por ano. De acordo com a Câmara Brasileira do Livro (CBL), em 2001 havia no País apenas 26 milhões de leitores ativos. Isso é muito pouco para um país como o nosso, de cerca de 170 milhões de habitantes. E segundo o Ministério da Educação, a grande maioria dos livros produzidos por ano no Brasil é de livros didáticos.

A pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, de 2001, aponta que somente um terço da população adulta alfabetizada aprecia a leitura de livros. E existe grande diferença de região para região do País: mais da metade dos compradores de livros (58%) concentram-se nos estados do Sul e do Sudeste. Outra coisa a considerar é que, de cada 10 não-leitores, 7 são de classes com baixo poder aquisitivo.

Dados do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf) mostram que mais de um terço da população (34%) nunca foi a uma biblioteca. Nas classes D e E, esse percentual é de 49%.

Quantos livros cada pessoa lê por ano?

- 7 na França
- 5,1 nos Estados Unidos
- 5 na Itália
- 4,9 na Inglaterra
- 1,8 no Brasil

No Brasil apenas 16% da população detêm 73% dos livros. De 1995 a 2003, a venda de livros caiu 50%, e o número de títulos lançados, 13%.
Da população adulta alfabetizada do país:
- um terço aprecia a leitura de livros
- 61% têm muito pouco ou nenhum contato com livro
- 47% possuem no máximo dez livros em casa

Mudança

E o que fazer para mudar essa situação? A família e a escola podem ajudar muito. "Quem nasceu em uma família de leitores, independentemente do poder aquisitivo dessa família, tem muitas chances de se tornar um grande apreciador dos livros", acredita o presidente do Instituto Brasil Leitor (IBL), William Nacked.

Um dado do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional (Inaf) parece sustentar essa opinião: a mãe é apontada por 41% dos entrevistados como uma das duas pessoas que mais influenciam o gosto pela leitura. Professores são citados por 36%, e o pai, por 24% dos entrevistados.

Você, desde cedo, precisa lutar pelos seus direitos, e um deles é o de ler e estudar sempre. Peça aos seus pais e professores para lhe darem acesso a bons livros. Nem sempre é preciso gastar dinheiro com isso: você pode usar as bibliotecas públicas da sua cidade e da sua escola, ou trocar livros com os amigos.
  • Direitos autorais: Creative Commons - CC BY 3.0
Fonte: EBC

sexta-feira, 21 de março de 2014

Pesquisa expõe problemas na formação de leitores

Por Elton Alisson*

Agência FAPESP – O Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) possibilitou que as instituições de educação infantil públicas no país passassem a contar, nos últimos 17 anos, com um acervo de livros com quantidade e qualidade suficientes para a realização de atividades voltadas a contribuir para a formação de leitores.

As coleções de livros do programa, instituído pelo Ministério da Educação (MEC) em 1997, não contemplam, no entanto, as especificidades pedagógicas da primeira infância – de 0 a 3 anos. E os docentes e responsáveis pelas bibliotecas de creches e berçários públicos não estão preparados para desenvolver atividades de formação de leitores com as crianças nessa faixa etária.

As conclusões são da pesquisa “Literatura e primeira infância: dois municípios em cena e o PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola) na formação de crianças leitoras”, realizada no Departamento de Didática da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Marília, e no Departamento de Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp de Presidente Prudente, com apoio da FAPESP, no âmbito de um acordo de cooperação com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV).

Alguns resultados do estudo foram apresentados no dia 13 de março durante o I Seminário de Pesquisas sobre Desenvolvimento Infantil, realizado na FAPESP.

“Constatamos que a quantidade e a qualidade das coleções de livros do PNBE são muito boas, mas estão mais voltadas para crianças maiores, a partir de 3 anos”, disse Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto, professora do curso de Pedagogia da Unesp de Marília e coordenadora do projeto, durante sua palestra no evento.

“Também há um despreparo dos professores e cuidadores e de toda a equipe das escolas para trabalhar com essas crianças pequenas não só em atividades relacionadas à formação de leitor, mas também para compreender as potencialidades das crianças”, afirmou Girotto.

Durante o projeto, os pesquisadores analisaram o acervo de obras literárias do PNBE voltados à educação infantil. Uma das principais constatações foi a de que as coleções, compostas por mais de 150 obras, não contemplam as especificidades das crianças abaixo de 3 anos em termos de projeto gráfico, editorial, estético e literário.

“Não defendemos que seja preciso estabelecer regras para a literatura infantil, mas há especificidades que não podem ser desconsideradas nos livros voltados à primeira infância”, afirmou.

“As crianças nessa fase de desenvolvimento não leem do mesmo modo que uma criança em fase de alfabetização, tampouco como um leitor maduro. Mas já ensaiam, pelo contato direto com o livro, o que denominamos de ‘ações embrionárias do ato de ler’, atribuindo sentidos às ações iniciais dos modos de ler”, disse Girotto à Agência FAPESP.

Práticas de leitura

Os pesquisadores também fizeram um mapeamento de como as crianças com até 3 anos têm acesso a livros nas instituições públicas de educação infantil com base em entrevistas com 520 professores, 60 coordenadores pedagógicos e 55 profissionais responsáveis pela biblioteca de 71 creches e berçários dos municípios de Marília e Presidente Prudente, no oeste paulista.

Foi constatado que cerca de 80% desse universo de instituições ainda não utiliza o acervo recebido do PNBE. Em algumas instituições, as coleções ficam em estantes da biblioteca, armários ou em caixas perdidas na instituição ou dividem espaço com produtos e materiais de limpeza.

“O pressuposto de que só a quantidade e a qualidade das obras são condições suficientes para o desenvolvimento de atividades de formação de leitores na educação infantil não é verdadeiro”, avaliou Girotto.

De acordo com a pesquisadora, uma das razões da subutilização dos livros da coleção do PNBE nas instituições avaliadas é o despreparo da equipe de docentes e responsáveis pelas bibliotecas para colocar em prática atividades voltadas à formação de leitor na primeira infância.

Apesar disso, professores, coordenadores pedagógicos e profissionais responsáveis pelas bibliotecas das instituições participantes do estudo destacaram, durante as entrevistas realizadas pelos pesquisadores, que consideram importante o processo de ofertar e estimular o contato das crianças com o livro. “Mas muitos acreditam que só contar histórias ou ler em voz alta para as crianças é o suficiente”, disse Girotto.

Segundo a pesquisadora, o mediador de leitura pode – e deve – ler e contar histórias para as crianças. Mas também é preciso que a criança seja colocada em contato direto com o livro para tateá-lo, explorá-lo e imitar os adultos e, dessa forma, iniciar sua formação como leitor.

Educação literária

A pesquisa deverá resultar em dois livros com previsão de lançamento no 18º Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, que ocorrerá entre 11 e 14 de novembro em Fortaleza, no Ceará.

O primeiro livro, com o título provisório “Literatura e Primeira Infância I: da contação de histórias e da proferição”, discute a criança como ouvinte e a função do mediador.

No segundo livro, também com o título provisório “Literatura e educação infantil: tateios, experimentação e sentidos dos livros para/com os pequenos”, os pesquisadores pretendem discutir abordagens específicas do desenvolvimento infantil e as peculiaridades dos livros voltados à primeira infância, que devem valorizar a experimentação e ação direta da criança, ressaltou Girotto.

“Todo o trabalho de formação de leitor na primeira infância pode ficar a desejar se não existirem livros adequados e não for feita uma adequada mediação e apresentação das publicações para as crianças”, estimou a pesquisadora.

“As crianças precisam reconhecer e usar os livros tal como o adulto ou um leitor autônomo fazem, buscando compreender as informações em textos verbais ou imagéticos”, indicou.

Por meio do projeto, os pesquisadores pretendem estabelecer um programa de atividades de leitura com crianças com até 3 anos utilizando o acervo do PNBE e desenvolver uma proposta de formação de docentes.

Além disso, querem continuar os trabalhos nas instituições dos dois municípios com avaliações sobre o acesso aos livros, práticas de leitura literária nas unidades que utilizam o acervo do PNBE, sobre mediação dos professores e sobre os livros selecionados por eles.

“As instituições de ensino infantil têm a responsabilidade de propiciar às crianças o contato com obras literárias da melhor qualidade, respeitando suas especificidades de desenvolvimento e sem subestimar sua capacidade intelectual”, avaliou.

“Isso não significa antecipar a alfabetização, mas estabelecer diretrizes para a educação literária, desde a primeiríssima infância, sem apequenar os potenciais da criança”, afirmou.

O objetivo do seminário na FAPESP foi divulgar os resultados de dez projetos de pesquisa selecionados na primeira Chamada de Propostas do Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica firmado entre as duas instituições em 2010 nas áreas de Saúde, Educação, Economia, Pedagogia, Psicologia e Assistência Social.
Também participaram do seminário os coordenadores dos 16 novos projetos aprovados na segunda seleção de propostas, concluída em 2013.

*Com Fernando Cunha.

Fonte:  Agência Fapesp

domingo, 16 de março de 2014

O que os pais podem fazer para criar o hábito da leitura em seus filhos

Por Rocio Brescia / obrigaram leitura, livrarias visitam e compartilhar leituras são algumas das dicas quanto possível para prestar atenção


Gráfico: Chachi Verona

Hoje mais do que nunca, a leitura corre o risco de ser visto pelas crianças como uma imposição sobre os pais e professores.

 A criança pode crescer sem o hábito de dedicar parte do seu tempo para mergulhar nas letras e lidar com as aventuras fascinantes nos mares do sul. É na primeira década de vida, quando as pessoas podem adquirir este hábito, nesses 10 anos tem a oportunidade de absorver para sempre a alegria da leitura como uma necessidade mimada e desejado. Educadores dizem que você aprende a gostar de ler e, por isso, devemos estar conscientes de que é algo que pode ser ensinado. Para isso, a unidade básica da família. Ensinar a leitura é o tema que os pais devem passar para os seus filhos, tendo em conta a sua qualidade, motivação, gostos e interesses. Em suma, o desafio é estimular a curiosidade sobre os livros.
 
O que posso fazer para os meus filhos a ler?
 
• Sem leitura atraente. Como qualquer atividade, a leitura exige perseverança para se tornar hábitos. Força nunca deve ler, mas você pode (e deve) se tornar uma ocorrência diária. A chave está na parte final do tempo de lazer, como assistir TV ou jogar. Em tenra idade serão os pais e mães que exercem esta função diretamente. Com o tempo, o espaço dedicado à leitura será ampliada, e as próprias crianças vão decidir como, quando e onde a leitura.
 
• Acessibilidade dos livros. Embora não brinquedos, livros deve ser acessível, tanto o seu próprio e dos outros. É necessário remover o estatuto de objecto importante que apenas opera livrarias. Além disso, você tem que aumentar as bibliotecas-se desde o nascimento, porque um livro depois de lida, cruza o limiar do meramente material.
 
• Visite bibliotecas. Feiras ou exposições pode se tornar um hobby que traz literatura para crianças. A idéia de ser cercado por tantas possibilidades familiariza a criança com este tipo de comércio e adiciona recurso. Além disso, se for dada uma soma de dinheiro a fim de escolher o título que você gosta, começa a desenvolver critérios para comprar e aprender a distinguir o que o trabalho vale a pena adquirir.
 
• Personalizado diária. Nightly Leia uma história para os mais pequenos, eventualmente, tornar-se um hábito de leitura diária.
 
• dirimir dúvidas. Deve olhar juntos nos termos do dicionário não compreendidos. Esta boa prática é instilada para ampliar o vocabulário.
 
• Não proíba livros. Deve ser prestado muita atenção na idade crítica da adolescência, porque grandes leitores infantis são perdidos nesta fase. Neste sentido, a escolha é irrelevante. Nunca deve proibir títulos. Em vez disso, é importante para explicar por que ele não vai entender o que você lê, e qual é a razão não vale a pena perder tempo. Isto será conseguido despertar o seu espírito crítico.
 
• Seja um membro de uma biblioteca. Uma maneira fácil e acessível é acompanhar as crianças muito jovens para as bibliotecas. Permitir acesso livros sem gastar grandes quantias de dinheiro. Eles também servem para ensinar como escolher os títulos, e introduzir os jovens leitores para o valor da responsabilidade, uma vez que são eles que devem devolver o exemplar emprestado.
 
• Adaptar-se aos gostos Tudo é susceptível de se tornar a abordagem desculpa para leitura. Uma questão atual, eventos ou fatos que as pessoas chamam a sua atenção ou um filme que tem animado deles são excelentes ocasiões para despertar paixão livros.
 
• Compartilhar leitura. Conforme as crianças crescem, você pode oferecer-lhes livros que os pais estão lendo. É muito motivador e divertido comentário família nos personagens ou algum capítulo que se mostrou interessante. A leitura é um tópico atraente de conversa entre pais e filhos.
 
É essencial para transmitir às crianças que a leitura de livros tem outras vantagens, além de melhorar a atenção e estimular a curiosidade sobre diferentes temas: apoiar melhor maneira de expressar pensamentos e para melhorar as relações humanas.
 
(*) Leia mais sobre Fundação www.leer.org.ar

Fonte: La Capital