A publicação de um livro infantil segue vários pré-requisitos. Assunto, linguagem e ilustração precisam se adequar aos interesses e capacidades das crianças
Para a escritora Tatiana Oliveira, as crianças são muito
observadoras e por isso possuem atenção redobrada
Caroline Aguiar
Recentes casos de publicação de livros infantis com erros e conteúdo inadequado trouxeram à tona questionamentos sobre a produção e edição desse tipo de literatura. Texto, linguagem e ilustrações exigem um cuidado todo especial para atingir crianças na faixa etária para qual se destinam. Os pais também devem estar atentos na hora de comprar livros para os filhos.
Pesquisa divulgada pelo Instituto Pró-Livro, em 2008, mostrou que o índice de leitura entre crianças acima de cinco anos cresceu. Segundo o levantamento, a taxa de leitura por pessoa foi de 4,7 livros lidos por ano. Em 2000, foi apenas de 1,8 livro. O levantamento revelou também que crianças e jovens leem mais que os adultos. Crianças entre 11 e 13 anos leem, em média, 8,5 livros por ano, enquanto os adultos com 30 anos têm média de apenas 4,2 livros por ano.
A produção de um livro infantil passa pelas mesmas etapas que uma publicação para adultos. No entanto, tudo exige mais cuidado. Não só a correção ortográfica deve estar impecável, mas textos e imagens devem tratar de temas adequados e trazerem uma linguagem acessível.
Antônio Carlos Navarro, diretor executivo da LGE editora, única editora de livros infantis do Distrito Federal, explica que na hora de decidir pela publicação de um livro, vários quesitos são avaliados. “Há todo um cuidado com a escolha do texto, em ver qual é o interesse das escolas e do público naquela obra. Olhamos tanto o aspecto educacional e cultural como o mercadológico”, esclarece Antônio Carlos.
Tatiana Oliveira, 38 anos, escritora de livros infantis e representante regional da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infanto-Juvenil (AEILIJ), lembra que as crianças são muito observadoras, por isso a atenção precisa ser redobrada. “Elas olham tudo e são exigentes, portanto o livro precisa ser impecável, desde o texto até a diagramação”, ressalta a escritora.
Livros seguem nível de leitura
Para facilitar a produção e a compra dos livros, os leitores são divididos em níveis de leitura. Essa classificação varia entre as editoras, mas leva em consideração a fluência da criança na hora de ler, a experiência de leitura, a idade e maturidade. Assim, os livros possuem um público alvo bem definido, o que guia a produção passo-a-passo e facilita a escolha dos pais.
Cada nível de leitura exige diferentes adaptações. Bebês de zero a três anos são extremamente visuais. Por ainda não saberem ler, há o predomínio total da imagem, os textos não existem ou são curtíssimos. Os traços devem ser bem simples e a repetição é necessária.
Já os leitores de três a seis anos gostam da fantasia, de histórias que saem do real. A participação de animais nas histórias chama muito a atenção das crianças nessa faixa etária. Depois do sete anos, elas passam a gostar do fantástico e, daí para frente, o surpreendente se mistura à aventura e passa a dominar o gosto dos leitores mirins. As histórias começam a apresentar um fato bem definido que deve ser solucionado no desfecho do livro.
A hora da escolha
Os pais precisam estar atentos na hora de comprar livros para os filhos. A maioria das publicações traz a faixa etária ou o nível de leitura para o qual aquele livro é indicado. Prestar atenção a essas informações é fundamental, mas não exclui a necessidade de folhear e passar os olhos pela história e desenhos.
Primeiramente, é preciso analisar se aquele assunto é de interesse do filho e, depois, avaliar a quantidade de texto. Vale lembrar que crianças pequenas precisam de livros com muitos desenhos e cores. O número de páginas também é um quesito importante. Livros mais rechonchudos só servem para crianças maiores.
Tatiana defende que os pais devem conhecer as linhas editoriais de cada editora, assim eles terão informação para escolher o que mais se adapta à realidade e interesse do filho. “As editoras têm características bem definidas, aí dá para saber o que esperar de uma publicação daquela instituição”, explica a escritora. Ela ressalta que os pais precisam ser bons leitores para incentivar os filhos.
Fonte: Jornal da Comunidade
Sabem dizer que providências pode-se tomar quando encontramos um livro com conteúdo inadequado? Trata-se de um livro publicado em 2003, que é vendido pela internet, e que contém ilustrações de uma "paixão" entre uma criança e um adulto.
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