quinta-feira, 10 de junho de 2010

Biblioteca na escola é obrigatório. E agora?

Não basta um acervo primoroso: leitura se dá por afeto também na escola

Cristiane Rogerio
Quando hoje penso na palavra biblioteca, duas imagens me veem à mente. Uma é da minha infância com os amigos na escola explorando a biblioteca sem muita supervisão. Éramos “livres” para ficar na Chácara do Castelo, no bairro da Vila Mariana. Mas a liberdade tinha um preço: não está nas minhas lembranças alguém que me inspirasse a ler. O que fazíamos acontecia por nós mesmos.

A segunda imagem é a primeira entrevista que fiz aqui com a escritora Ruth Rocha. Ela ficava na biblioteca de um colégio em São Paulo. E me contou que os alunos adoravam pedir indicações para ela. Lógico! Ruth desde que aprendeu a ler é uma apaixonada por livros. Imagine o quanto ela contagiava os alunos?

Hoje eu estou fazendo uma pós-graduação chamada A Arte de Contar Histórias e há muitas bibliotecárias na minha turma. Muitas apaixonadas por histórias e que fazem de tudo para inspirar leituras.

Este é o aspecto principal a ser discutido a partir da publicação no Diário Oficial da União da lei que obriga todas as instituições públicas e privadas de ensino do país a ter uma biblioteca. Na lei há até um número: pelo menos um título por aluno matriculado. Ótimo. Repertório tem a ver com quantidade, sim. Mas não basta. Também citaram que cabe à escola divulgação, preservação e funcionamento das bibliotecas escolares. E divulgação tem a ver com deixar o espaço disponível. E preservação tem a ver com cuidar. Mas não pode ser proibido entrar. Livro mexido, livro ‘velhinho’ é livro lido.

Tem que ter AÇÃO. Precisa ter interação com outras atividades da escola. Tem que fazer parte. O aluno precisa ter a biblioteca da escola como um refúgio, um lugar para sonhar, ser. Para se emocionar, aprender, descobrir. Muitas vezes guia demais atrapalha. Precisa ter estímulo, trabalho focado, claro. Mas precisa de liberdade. Ler é libertar-se. Inclusive na biblioteca. Mesmo que em silêncio.

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Cristiane Rogerio é editora de Educação e Cultura da Crescer e adora se perder entre os livros.


Fonte: Revista Crescer

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