quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Biblio é Tech. Biblio é Pop. Biblio é Tudo.

Publicada originalmente no jornal Folha de Londrina 01/11/2019
Autor: Claudio Hideo Matsumoto – Bibliotecário e Diretor da Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (FOA) - UNESP

Você lembra da campanha veiculada pela Rede Globo? “Agro: a indústria-riqueza do Brasil”. Usaremos a mesma linguagem. E, aproveitando a comemoração da Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, a ser comemorada entre os dias 23 a 29 de outubro. Data que foi instituída pelo Decreto n° 84.631, de 09/04/80, com o objetivo de incentivar a leitura e a construção do conhecimento através da difusão do livro, da informação, do conhecimento e do acesso a diversas formas de manifestações culturais e artísticas. Com objetivo de valorizar a “Biblioteca” e conectar o leitor com o universo da informação e do conhecimento. Porque sem informação, conhecimento, livros e bibliotecas a sociedade não avança. A humanidade seria uma vaga lembrança. Para que tudo aconteça, foi preciso armazenar e organizar todo conhecimento humano. Isso só é possível através das bibliotecas, sejam elas físicas ou digitais.

Segundo Carl Sagan: “Quando os nossos genes não conseguem armazenar toda a informação necessária para a sobrevivência, lentamente inventamos cérebros. Então veio o tempo, talvez há dez mil anos, quando necessitávamos saber mais do que podia ser convenientemente contido nos cérebros, e aprendemos a estocar quantidades enormes de informação fora dos nossos corpos. Somos a única espécie no planeta, até onde sabemos, a ter inventado uma memória comunal armazenada fora dos genes e do cérebro. O armazém desta memória é chamado biblioteca.”

Biblioteca
A riqueza da ciência, da informação e do conhecimento organizado. Fonte de conhecimento, descoberta, imaginação ou sonho.

Biblio é Tech. Biblio é Pop. Biblio é Tudo.

Livro é Biblio. E-books é Biblio. Periódicos é Biblio. Bases de dados é Biblio. Informação é Biblio. Conhecimento é Biblio.

Biblioteca é um sistema dentro do universo do conhecimento. Tá na web, tá no Face, tá no Insta, tá no Twitter, também no Youtube. Biblioteca é a indústria, a ciência do conhecimento. A universidade, a escola, a sociedade crescem com ajuda da biblioteca. O que seria da humanidade sem as bibliotecas?

Biblio é Tech.
Porque biblioteca é tecnologia, é digital, é virtual e não para de avançar. As bibliotecas abrem um novo caminho para a ciência, a informação e o conhecimento. Conecta os usuários aos conteúdos, não respeita os limites geográficos, sociais e culturais. Ajuda a aumentar e a melhorar a qualidade da produção do conhecimento. A ciência avança porque tem biblioteca, sabe onde pesquisar. A sociedade ganha com a riqueza da experiência e genialidade humana preservada pelas bibliotecas.
Biblio é Pop.
Porque está no dia a dia, na universidade, na faculdade, nas escolas, na sociedade.
Porque gera ensino, pesquisa, extensão, principalmente, conhecimento. Biblioteca é semente de ideias e inovações. Aumenta a confiança dos pesquisadores, dos professores, dos alunos e da sociedade. Garante bons resultados profissionais. Qualificação profissional é sustento das famílias, é riqueza da nação.
Biblio é Tudo.
A biblioteca está em tudo a nossa volta.
Nos remédios, na agricultura, na odontologia, no avanço da medicina, na culinária, no carro, no avião, na roupa, calçados, nos cosméticos e em tudo. Para que tudo aconteça, depende do conhecimento armazenado nas bibliotecas. Se não é preservado, se perde no tempo e no esquecimento.

Biblioteca é essencial. Porque biblioteca é educar, fortalecer e engajar.

Biblio é Tech. Biblio é Pop. Biblio é Tudo.
Biblioteca tá na universidade, tá na escola, tá na sociedade.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Investir em Educação é investir em Biblioteca Escolar!

Em sua coluna, Volnei Canônica explica detalhes da pesquisa sobre bibliotecas escolares realizada recentemente pelo Instituto Pró-Livro
Infelizmente tornou-se comum ouvir notícias de que, pela falta de estrutura e investimentos nas escolas, ou devido ao número crescente de crianças fora delas, gestores públicos fecham as bibliotecas escolares ou salas de leitura para transformá-las em sala de aula.
Esta ação não é nada eficaz para a educação brasileira. Arrisco dizer que é uma ação bastante desastrosa, fruto de uma visão antiquada do que seja uma biblioteca escolar por parte de alguns gestores públicos, ou pela falta de conhecimento sobre o impacto deste equipamento.
Uma biblioteca escolar estruturada, com um bom acervo, equipamentos e profissionais qualificados desenvolvendo ações de leitura ligadas ao projeto político pedagógico ou currículo escolar traz grande impacto positivo na aprendizagem dos alunos. Alguém tem dúvida sobre isso?
Biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Cabrita (Rio de Janeiro - RJ)
Biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental Francisco Cabrita (Rio de Janeiro - RJ)
Não afirmo isso por suposição ou por ser um grande entusiasta e profissional da área da leitura. Estou afirmando porque recentemente tive acesso a uma pesquisa sobre a importância das bibliotecas escolares.
Em comemoração ao dia Mundial do Livro e do Direito do Autor, 23 de abril, o Instituto Pró-Livro - criado em 2006 pelas entidades Abrelivros, CBL e SNEL - apresentou os primeiros resultados de uma importante pesquisa sobre a biblioteca escolar. O Instituto Pró-livro é responsável também pela pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, que apresenta um panorama sobre o comportamento leitor do brasileiro.
Este recorte sobre a biblioteca escolar é fundamental, já que nos últimos anos, a escola, o professor e a literatura têm passado por um processo de desvalorização, não só pelo poder público, como também pela sociedade civil.
A pesquisa sobre a biblioteca escolar se balizou em dois marcos regulatórios que deveriam nortear as políticas públicas para a área da Educação:
a) Plano Nacional de Educação/PNE (2014 - 2024) – Em suas metas pretende promover equipamentos e recursos tecnológicos digitais e a universalização das bibliotecas em todas as escolas de ensino básico, até 2024.
b) Lei nº 12.244/2010 que também prevê a universalização das bibliotecas escolares em instituições públicas ou privadas até 2020.
Além desses dois marcos regulatórios, um outro fator motivador para a realização da pesquisa foi a descontinuidade do Programa Nacional da Biblioteca Escolar - PNBE, do Ministério da Educação (MEC), e o seu impacto nas bibliotecas da escolas e consequentemente, no processo de aprendizagem dos alunos.
A pesquisa foi aplicada em aproximadamente 500 escolas, distribuídas em 17 unidades da federação, pelo Instituto OPE Sociais. Dirigentes escolares, professores de português e responsáveis por bibliotecas responderam um questionário com 60 perguntas, desenvolvido pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Instituto de Ensino e Pesquisa (INSPER).
O principal objetivo da pesquisa era demonstrar qual a importância da biblioteca escolar no processo educativo dos alunos do ensino básico.
Biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental Camilo Castelo Branco (Rio de Janeiro- RJ)
Biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental Camilo Castelo Branco (Rio de Janeiro- RJ)
Após o período de aplicação dos questionários os dados foram tratados e correlacionados com dois importantes indicadores de avaliação do desempenho do aluno: O IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e o SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica, por meio da Prova Brasil.
A pesquisa trouxe ainda os dados do Censo realizado pelo MEC, em 2017, revelando que das 142.573 escolas públicas federais, estaduais e municipais, 61% não tinham biblioteca ou sala de leitura. Ou seja: 88.340 escolas sem este equipamento fundamental no processo de aprendizagem e do desenvolvimento do aluno.
Nas escolas particulares o percentual de instituições sem bibliotecas é menor, mas não menos preocupante. Das 37.569 escolas particulares, 27% não têm bibliotecas ou salas de leitura. Ou seja: 10.295 escolas particulares sem bibliotecas.
Se fizermos um cálculo sobre a falta de bibliotecas nas instituições de ensino no Brasil, podemos dizer que 98.635 escolas não tem bibliotecas. Um percentual de 55% das escolas brasileiras não está alinhado com as metas do PNE, e não cumpre a Lei 12.244/10. São escolas que estão limitando o acesso à cultura escrita e visual. Limitando o acesso à ficção.
Já que o objetivo da pesquisa era medir o impacto da biblioteca escolar, o recorte buscou aplicar a pesquisa num número significativo de escolas com bibliotecas ou salas de leitura, mas também aplicou em um número menor de escolas sem bibliotecas escolares, para comparação. Das quase 500 escolas selecionadas, 60.6% têm bibliotecas, 33,2% têm salas de leitura e 6,5% não tem bibliotecas ou salas de leitura.
A pesquisa levantou ainda as condições dessas bibliotecas ou salas de leitura. Observaram-se questões sobre instalações, funcionamentos, perfis dos profissionais que atuam nessas bibliotecas, quais são as atividades e a integração dessas ações no projeto político pedagógico ou currículo escolar. Pilares que sustentam uma biblioteca escolar.
Mas será que esses pilares têm impacto na aprendizagem dos alunos?
Crianças lendo na Biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Lúcia (Caxias do Sul - RS)
Crianças lendo na Biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Lúcia (Caxias do Sul - RS)
Antes de termos as respostas para essa pergunta, é necessário analisar o universo pesquisado.
Segundo a pesquisa, 37% do local onde estão instaladas as bibliotecas ou salas de leitura são de uso compartilhado com outras ações e somente 57% são de uso exclusivo para a biblioteca. Além disso apenas 49% do mobiliário desses espaços (estantes, mesas, arquivos e outros equipamentos) são considerados suficientes.
Em se tratando dos profissionais que atendem nesse espaço, foi levantado que 74% tem nível superior. A pesquisa aponta ainda uma diversidade de profissionais realizando o atendimento nas bibliotecas: 31,5% São professores responsáveis pela biblioteca, 20,6% são professores readaptados, 11,9% são bibliotecários. Um dado bastante significativo foi o de 28%, que a pesquisa caracteriza como “Outros” - técnicos, voluntários e estagiários.
Para 62% desses responsáveis pela biblioteca, a quantidade de livros do acervo está compatível com o número de alunos, um dado que parece pouco frágil, já que 60% desses mesmos entrevistados não souberam informar o número de títulos e exemplares existentes na biblioteca. Provavelmente, a fragilidade desta informação tenha relação com a falta de um bibliotecário, de equipamento e de uma plataforma digital para a catalogação deste acervo.
Os números da pesquisa referendam essa minha afirmação: 64% dos profissionais que atuam no espaço disseram que existe procedimento técnico com uma certa assiduidade, mas que apenas 47% executam catalogação com essa mesma frequência.
Sobre o acervo, os entrevistados afirmam que 42% é atualizado com uma certa frequência e que possui diversidade de gêneros literários. Para 74% desses entrevistados, os livros e materiais de pesquisa são de fácil localização pelo aluno/professor.
Em se tratando das atividades e projetos desenvolvidos pelas bibliotecas ou salas de leitura, 44% dos respondentes afirmam que suas atividades estão ligadas ao projeto político pedagógico ou currículo escolar. Já 41% responderam que suas atividades estão ligadas em parte a essa questão e 15% responderam que suas ações são autônomas e não tem ligação às questões da sala de aula.
A pesquisa mostrou que dentro do escopo de escolas entrevistadas 88% das bibliotecas ou salas de leitura funcionam de segunda a sexta-feira. 2% funcionam também aos sábados. 10% estão fechadas todos os dias.
Um dado que chama a atenção e se revela preocupante é a relação da literatura com a biblioteca escolar, talvez ainda percebida por alguns como um espaço somente de pesquisa. Os dados apresentados mostram que apenas 40% desses profissionais indicam sempre livros de literatura. 25% indicam muitas vezes, 25%, às vezes e 10% não indicam. A pesquisa revela como precisamos formar mais profissionais leitores com condições de indicar e emprestar livros de literatura para as crianças e suas famílias.
Todos esses dados importantes nos alimentam cada vez mais de subsídios, para discutir muitas questões que precisam ser melhoradas, tanto na estrutura física como na humana, das bibliotecas escolares ou salas de leitura.
A pesquisa promovida pelo Instituto Pró-Livro, evidencia que, apesar das bibliotecas escolares não estarem nas condições ideais, o impacto deste equipamento na aprendizagem dos alunos é muito positivo.
As análises e correlações dos pesquisadores do INSPER, divulgados no lançamento da pesquisa, revelam:
– A escola que possui espaço exclusivo para biblioteca, acervo diversificado, atividades extraescolares como visitas a museus e atividades culturais e integração do professor às atividades das bibliotecas cria um diferencial significativo na aprendizagem dos alunos.
- Nessa correlação entre espaço físico e o Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico – IDEB, a escola que tem uma biblioteca escolar em boas condições, alcança IDEB 0,2 ponto maior que uma escola com um espaço inferior.
- O impacto da biblioteca é ainda maior nas escolas mais vulneráveis. Neste caso a correlação com o IDEB aumenta em 0,5. Isso é muito significativo já que o IDEB, entre 2015 e 2017, no Brasil inteiro, cresceu 0,3 ponto.
- Ter um responsável pela biblioteca que desenvolva suas ações ligadas às atividades pedagógicas é bastante relevante. Segundo a pesquisa, em correlação com o Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB, o desempenho em Português dos alunos aumenta em 4 pontos, ou seja, o equivalente a 1/3 de um ano de aprendizado para alunos entre o 5º e o 9º ano. Nas escolas mais vulneráveis a relevância é da magnitude de 16 pontos. Quatro vezes maior!
- A pesquisa mostrou que ter um professor de sala de aula que se envolva em atividades de pesquisa e leitura e incentive os alunos a frequentarem a biblioteca, aumenta o desempenho em Português em até 7 pontos na escala SAEB, o que pode representar um índice de 63% de um ano de aprendizado.
- Outro dado significativo se refere à presença de um bom acervo nas bibliotecas escolares, com um crescimento de 6 pontos na disciplina de Português e 10 pontos em Matemática. Já em relação ao IDEB o aumento é de 0,4 ponto.
Biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Lúcia (Caxias do Sul - RS)
Biblioteca da Escola Municipal de Ensino Fundamental Santa Lúcia (Caxias do Sul - RS)
São muitos os dados e as correlações que podemos fazer. Reproduzi aqui alguns para uma primeira reflexão de muitas que precisam ser feitas a partir de resultados que, em breve, serão disponibilizados pelo Instituto Pró-Livro.
Mas já nessa primeira leitura fica provado que o ensino-aprendizado sofre um impacto positivamente relevante com a presença de uma biblioteca com um espaço adequado e só seu, com bons equipamentos, com um bom acervo e um ou mais profissionais qualificados para desenvolver ações ligadas ao projeto político pedagógico da escola.
Precisamos evidenciar também que esse impacto é muito mais relevante onde as escolas são socialmente vulneráveis. Portanto, é fundamental que se invista, criando ou qualificando bibliotecas em escolas com menos acesso à cultura.
É sabido por todos que pesquisas são fundamentais para que gestores públicos possam tomar as melhores decisões. Gestor que fecha a biblioteca escolar ou sala de leitura está fechando uma porta importante e eficaz no aprendizado das crianças.
É importante que todos entendam, incluo os pais dos alunos, que o processo de aprendizagem não se dá apenas de maneira mais formal como estamos acostumados a ver ao entrar em uma sala de aula. Existem inúmeras experiências no mundo e no Brasil evidenciando como é fundamental para as crianças serem estimuladas de diferentes maneiras.
Investir em educação é investir na biblioteca escolar!
Em tempo: nos próximos dias o Instituto Pró-Livro deverá liberar em seu portal os dados da pesquisa. Enquanto isso, navegue pelo portal pra saber mais sobre a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil e para conhecer muitos projetos de incentivo à leitura e notícias importantes para todos que estão interessados em transformar esse Brasil em um país com mais leitores.
Volnei Canônica é formado em Comunicação Social – Relações Públicas pela Universidade de Caxias do Sul, com especialização em Literatura Infantil e Juvenil também pela Universidade de Caxias do Sul, e especialização em Literatura, Arte do Pensamento Contemporâneo pela PUC-RJ. É Presidente do Instituto de Leitura Quindim, Diretor do Clube de Leitura Quindim e ex-diretor de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas, do Ministério da Cultura. Coordenou no Instituto C&A de Desenvolvimento Social o programa Prazer em Ler. Foi assessor na Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Na Secretaria Municipal de Cultura de Caxias do Sul, assessorou a criação do Programa Permanente de Estímulo à Leitura. o Livro Meu. Também foi jurado de vários prêmios literários.
** Os textos trazidos nessa coluna não refletem, necessariamente, a opinião do PublishNews.

domingo, 5 de janeiro de 2020

Bibliotecas e salas de leitura melhoram o desempenho dos alunos?

Para responder à questão, Instituto Pró-Livro (IPL) ouviu 500 escolas públicas que atendem crianças do ensino fundamental em 17 Estados brasileiros; estudo foi desenvolvido pelo Insper e aplicado em campo pela OPE Sociais.

Crédito: Bia Reis/Estadão

"Com certeza dá para diferenciar os alunos leitores dos alunos não leitores. Os leitores têm memória visual, organização frasal, melhor ortografia e um repertório diferente", afirma a professora de Português Miquelina Bernarda Veiga, de 56 anos. Miquelina trabalha há oito anos em uma sala de leitura em uma escola da Prefeitura de São Paulo no Parque São Lucas, zona leste da capital. "A experiência da sala de leitura para os pequenos é muito legal. Eles estão num ambiente de alfabetização, numa sala de cheia de livros, é sempre um deslumbre."

A percepção da professora paulistana foi confirmada pela recém-divulgada Pesquisa Retratos da Leitura - Bibliotecas Escolares, desenvolvida pelo Insper e aplicada pelo OPE Sociais a pedido do Instituto Pró-Livro (IPL), que avaliou o impacto da biblioteca escolar ou sala de leitura no desempenho dos alunos. O estudo foi realizado no ano passado em 500 escolas públicas, estaduais e municipais, que atendem crianças do fundamental 1 (1.º ao 5.º ano) em 17 Estados brasileiros.

Os entrevistados - (1) gestores ou diretores das escolas, (2) bibliotecários ou responsáveis pelas bibliotecas ou salas de leitura e (3) professores, principalmente de Português - responderam 60 questões feitas pelos pesquisadores. Aqui, o objetivo era avaliar a percepção desses três grupos sobre o impacto da biblioteca ou sala de leitura, e não avaliar in loco a estrutura física ou o acervo.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores cruzaram as respostas dadas pelos três grupos entrevistados com os resultados obtidos pelas escolas em avaliações federais como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e a Prova Brasil.

"A pesquisa aponta relação entre a existência de bibliotecas e salas de leitura e um melhor desempenho escolar em Português e Matemática no ensino fundamental - e esta relação é mais forte quanto mais vulnerável for a região onde a escola está inserida", afirma Zoara Failla, coordenadora do estudo no IPL. A diferença de performance da melhor e da pior escola em Português, por exemplo, foi de 5 pontos no Saeb, pontuação considerada expressiva pelos pesquisadores.

Também foram constatadas relações positivas entre o desempenho dos estudantes e o acervo, o atendimento na biblioteca ou sala de leitura, e a realização de atividades integradas ao currículo escolar e extracurricular.

"Quanto mais alta a qualidade do equipamento - quanto mais ele opera no que imaginamos ser alto padrão -, melhor é o desempenho da escola", diz Sérgio Firpe, professor de Economia do Insper responsável pela pesquisa. "E, mais uma vez, quanto mais vulnerável é a região onde a escola está inserida, maior a diferença que a biblioteca ou sala de leitura faz. Um pai com baixa escolaridade possivelmente não vai ler para seus filhos, porque possivelmente é analfabeto, diferentemente do que ocorre com uma família com outros recursos", afirma.

Dos itens avaliados, o que mais influenciou o desempenho, segundo Sérgio, foi o atendimento feito na biblioteca ou sala de leitura. Ou seja, faz muita diferença ter apenas um espaço com livros e ter o espaço com um profissional qualificado para atender os alunos, sugerir títulos e propor atividades.

É o que ocorre na sala de leitura da escola do Parque São Lucas. Lá, Miquelina seleciona títulos para leitura compartilhada com seus alunos, faz dramatizações e propõe brincadeiras - com o foco sempre nas obras. "Escolho os livros e faço a mediação, e muitas vezes o livro que escolhi é o que as crianças querem levar para a casa, para repetir a experiência. Querem ter acesso ao que eu li. Conforme vão crescendo, elas passam a fazer suas próprias escolhas. Na faixa dos 10, 12 anos, muitos se afastam da leitura, mas boa parte já desenvolveu o comportamento leitor", comemora Miquelina.

Conheça no vídeo abaixo, do governo de São Paulo, a experiência da E.E. Prof.ª Maria Ribeiro Guimarães Bueno:



ESTANTE DE LETRINHAS
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Fonte: O Estado de S Paulo