quarta-feira, 30 de junho de 2010

Por que lemos pouco?

Rodrigo Capella - Escritor e Poeta

O brasileiro lê, em média, um livro por mês. Não se trata de uma estatística precisa, mas sim de um número calculado após muita observação. Justificando: o tempo para lazer é relativamente curto e as pessoas têm poucos minutos para se dedicar à leitura e absorver os conhecimentos escritos, que podem ir desde uma palavra nova até curiosidades sobre a vida de personagens históricos.

Nessa pressa do mundo globalizado, não é raro, portanto, encontrarmos homens e mulheres olhando fixamente para o livro enquanto se penduram num ônibus lotado ou devorarem páginas e páginas na sala de espera do dentista ou ainda sentarem no banco da praça e dedicarem algum tempo do almoço para virar duas páginas e interpretar algumas figuras. O esforço é louvável, embora insuficiente. Na Europa, lê-se três livros por mês, totalizando trinta e seis ao ano, um número bem expressivo perto da marca brasileira que, quando muito, chega aos doze anuais.

Mas, por que o brasileiro lê pouco? A preguiça é o principal fator e, normalmente, vem associada ao desinteresse pela leitura. Como desculpa, dizem que o tempo para lazer é curto. Está na hora de uma verdadeira revolução no mundo das letras, com propostas e metas bem definidas.

A inclusão digital, que atualmente está em várias pautas de discussões, é uma boa alternativa, embora devesse ser rapidamente ampliada. Possibilitar aos jovens estudantes o acesso a livros virtuais ajuda a suprirmos o déficit de leituras, mas não resolve totalmente o problema.

A esse acesso devemos agregar aulas sobre a Internet e suas aplicabilidade, dinâmicas educativas com o objetivo de despertar no jovem a busca por informações e livros diversos, e também pesquisas amplas que oferecerão embasamentos antes dos jovens acessarem desenfreadamente a Internet.

Justificando: o livre contato com esse mundo virtual pode, na maioria das vezes, transformar os adolescentes em dependentes de jogos com muita luta e sangue, e pouco raciocínio e criatividade, estagnando, desta forma, um processo educativo que se inicia na maternidade e se estende por toda a vida.

Os alunos precisam, então, desde cedo ser incentivados a ler livros pela Internet. Tudo é uma questão de hábito. Se for bem cultivado, os resultados serão muito positivos e veremos, por exemplo, adolescentes colando os olhos na tela para apreciar obras de autores nacionais, como Machado de Assis e Lima Barreto, mas também de internacionais, tais como Agatha Christie e Sir Arthur Conan Doyle.

Justificando: o contato contínuo e sadio com esses romances virtuais vai, certamente, enriquecer o vocabulário e a argumentação dos jovens, ampliar sensivelmente o conhecimento literário e histórico, oferecer momentos de puro prazer e, principalmente, mostrar que ler no computador pode ser tão divertido quanto jogar futebol na rua.

Vale a pena traçar e desenhar um Brasil melhor. Com esses procedimentos em prática e com muita dedicação dos professores, monitores e alunos, a inclusão digital pode ganhar em importância e, dessa maneira, passar a ser um importante mecanismo de incentivo à leitura, de amadurecimento psicológico dos jovens e do conseqüente combate ao déficit de educação.

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