Programa incluído na grade curricular da rede municipal atinge 2.668 estudantes de 22 escolas
Fernanda Nogueira de Souza
Estudantes da 7ª e da 8ª série (8º e 9º anos) da rede municipal de ensino de Itatiba estão lendo mais. A tática usada para motivar os alunos é simples e barata: duas aulas extras semanais, incluídas na grade curricular, em que os adolescentes são incentivados a ler por prazer, a desenvolver projetos de aprendizagem e a trabalhar em equipe. No total, 2.668 adolescentes e 50 educadores participam do programa em 22 escolas.
De acordo com a coordenadora da Área de Juventude e Educação Complementar do Instituto Ayrton Senna, Simone André, o objetivo do programa, chamado Superação Jovem, é fazer com que o estudante deixe de ser um receptor para se tornar um parceiro ativo na aprendizagem. “É nessa época em que os jovens começam a perder o interesse pela escola. O projeto desenvolve o lado pessoal, a relação com as outras pessoas e as capacidades de aprender e de empreender algo em favor da escola e da comunidade”, disse Simone.
Os professores envolvidos foram capacitados pelo Instituto Ayrton Senna em parceria com a Nivea, empresa de cosméticos que tem uma fábrica na cidade, que levou a ideia para a Secretaria da Educação de Itatiba. O custo anual por aluno é de menos de R$ 10,00, de acordo com Simone, e inclui o acompanhamento mensal aos professores, o material didático e a avaliação anual.
A mudança no comportamento dos jovens, que começaram a participar do projeto no ano passado, é grande, segundo professores. “Eles aprenderam a trabalhar em equipe, a escutar os outros, a trocar ideias, a ir em busca do conhecimento”, disse Daniela Aparecida de Souza, de 33 anos, que dá aulas na escola Professor Benno Carlos Claus.
Os projetos desenvolvidos pelos alunos são de criação de uma rádio, de ações solidárias em um asilo e em um abrigo de crianças órfãs, além de divulgação de informações sobre saúde na escola. “Nossa ideia é levar informações sobre livros e notícias do cotidiano aos outros estudantes”, disse a aluna do 8º ano Tainá Matos Barros, de 14 anos, que desenvolve o projeto com outros sete colegas. “Vamos elaborar cartazes e folhetos explicando como se tratar bem e vamos distribuir na escola”, afirmou Jefferson Mike Pavia Cardin, de 13 anos. Além dos projetos, os professores trabalham o incentivo à leitura dos alunos. Um deles mostra um livro que vai levar para ler em casa. “Estou lendo cada vez melhor”, disse Célio Santos de Souza, de 13 anos, que está lendo Uma Estranha Aventura em Talalai, de Joel Rufino dos Santos.
Na escola da zona rural Sebastião de Camargo Pires, a professora Luciana Gaspar Sanfins, de 35 anos, disse que percebeu que a relação entre o aluno e o professor melhorou. “A atuação deles influencia nas outras disciplinas”, afirmou Luciana. Nessa escola, um dos projetos desenvolvidos pelos estudantes é a manutenção de uma horta. “Pesquisamos na internet, em livros, com professores. Vamos plantar alface, salsinha, cebolinha”, disse a estudante do 9º ano Mariana Fernandes do Nascimento, de 13 anos. “Estou participando para aprender e pode até virar uma profissão no futuro”, afirmou Fabiano da Silva Moreira, de 16 anos. “Participei no ano passado e resolvi voltar neste ano”, disse Marília Lima, de 14 anos.
Há ainda um projeto de apresentação de dança e outro de prática de esportes. No começo, os alunos se mostraram resistentes. “Eles achavam que não ia dar certo. Depois, ficaram empolgados. Este ano foi muito mais fácil”, disse a coordenadora pedagógica Giovana Mayer Fumache.
Iniciativa coloca alunos acima da média nacional
O programa Superação Jovem, do Instituto Ayrton Senna, foi implantado em Itatiba com o apoio da Nivea. Além de contribuir com recursos financeiros, a empresa participa da capacitação dos professores e do acompanhamento da implementação nas escolas. Segundo a gerente de Comunicação Interna e Responsabilidade Social da empresa, Keiko Narita, o projeto está alinhado com a estratégia da empresa de dar suporte para jovens de baixa renda que vivem perto de sua área de atuação. “Visitei uma escola na semana passada e pude ver que a participação dos estudantes é grande. Uma garota contou que leu oito livros no primeiro semestre”, disse Keiko. Segundo a assistente pedagógica da seção de Ensino Fundamental da Secretaria da Educação de Itatiba, Elizângela Sales Teixeira, o programa foi tão bem recebido na rede municipal de ensino, que um projeto parecido foi estendido aos estudantes da 5ª e 6ª séries (6º e 7º anos). “Neste ano, estamos fazendo um trabalho de incentivo à leitura com eles também”, afirmou Elizângela. Uma prova aplicada no final do ano passado com 600 alunos do programa mostrou que seis em cada dez estavam desenvolvendo competências plenas de leitura enquanto apenas quatro em cada dez dos outros estudantes paulistas atingiram esse patamar. (FNS/AAN)
Fonte: Correio Popular
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