quinta-feira, 25 de março de 2010

O prazer de ler


A preparação para interpretar textos começa já na infância

Zailda Coirano
Aprendi a ler muito cedo e motivada pelo desejo de entender sozinha os livros de estórias infantis e gibis. Donde se conclui que fornecer livros (mesmo que só com figuras) para a criança desde cedo desenvolve nela a curiosidade e ela verá uma vantagem em saber ler e se motivará para aprender. Quando estamos fortemente motivados o aprendizado acontece de forma natural e rápida. De certa forma também eu “invejava” as pessoas que sabiam ler e dominavam aqueles “códigos” que para mim eram incompreensíveis. Essas pessoas tinham um “poder”, que as tornava auto-suficientes porque podiam ler quando queriam, não precisavam que ninguém lesse para elas. Eu, ao contrário, precisava da boa-vontade de alguém quando queria desvendar os segredos dos gibis que comprava e não era raro ter que esperar um ou até dois dias para que alguém se dispusesse a decifrá-lo para mim.

Logo que aprendi a ler comecei a ler tudo o que aparecia e logo tornei-me uma leitora rápida e voraz. Na leitura encontrei um mundo novo, povoado de sapos encantados e fadas, mas também cheio de explicações claras e úteis que me ajudavam na vida prática. Matérias escolares que vieram mais tarde, como “interpretação de textos” e “literatura”, que para os outros alunos eram um terror para mim eram uma grata novidade, pois se para os outros eram um “castigo”, para mim eram uma bênção. Estudar essas matérias para mim era como mandar uma onça sedenta beber água, e eu as estudava com muito prazer.

Naturalmente que todo aluno sabe que “terá” que ler, e quanto antes começar a fazê-lo, menos dura será sua vida escolar dali para a frente. Ler por obrigação além de pouco frutífero também transforma em castigo uma atividade que poderia facilmente tornar-se um prazer. Aprender a sentir prazer na leitura é uma das boas formas de transformar sua vida escolar – e também toda a sua vida futura, principalmente a profissional – da água para o vinho. Ela poderá ser um mar de rosas ou um mar tormentoso e difícil de transpassar, e é você quem vai escolher qual dos dois irá ser.

Leia sem precisar, leia quando puder, leia sempre que vir um livro. Imagine um livro como um mistério que só será desvendado por você se você o abrir, folhear e ler. Imagine que contém uma mensagem que foi deixada por alguém para você há muitos anos, e que convém lê-la para descobrir o que contém. Convém navegar pelas páginas do livro e imaginar tudo o que ali está exposto, e assim que você aprender a fazer isso começará a transformar obrigação em prazer, dificuldade em cultura.

Mas não adianta ler por ler, você precisa “sentir” o que está sendo descrito e imaginar o que o autor queria dizer quando escreveu aquilo. Tem que colocar-se no lugar dos personagens, tentar imaginar como você se sentiria naquela situação. Quem lê de verdade sofre com o sofrimento descrito, o coração dispara quando algo ruim está para acontecer.

Livro não é como novela. Na novela você vê o que está acontecendo e sobra pouco espaço para sua imaginação. Também não é como filme, no filme você fica apavorado com o monstro horrível, mas só quando o diretor consegue retratar um monstro horrível capaz de assustar você. No livro é diferente, quem manda é a sua imaginação e quando o autor descreve um “monstro horrível” sua mente desenha um monstro realmente horroroso, que nenhum diretor de cinema poderia criar. E então você fica com medo de verdade. Quando o autor descreve uma heroína linda, o que você vê em sua imaginação é uma heroína lindíssima, como talvez a heroína da novela por mais linda que seja não consiga ser.

Quem realmente gosta de ler e vai ver um filme baseado em um livro que já leu diz sempre a mesma coisa: o livro é muito melhor. E o livro é melhor porque contém o que falta no filme: a sua imaginação. No filme o diretor tenta recriar o que “ele” imaginou ao ler o livro, mas talvez o que você mesmo imagina vá fazer mais efeito para você do que a representação da imaginação de outra pessoa. O que você vê num filme é uma “releitura” do livro, ou seja, você está vendo o que outra pessoa imaginou e sentiu ao ler o livro, logo o impacto causado pela história já está defasado. E como quem conta um conto aumenta um ponto você nunca terá a exata impressão que teria ao ler.

Se você leu até aqui já é um bom sinal, agora vamos nos despedir, você pega um livro ou revista e já pode começar a por em prática o que leu aqui.

Boa leitura!

3 comentários:

  1. Olá Cláudio!
    Achei muito interessante o seu blog, tudo o que pudermos fazer para incentivar a leitura será mais que proveitoso. Vou recomendar o blog.
    Um abraço!

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  2. Olá Zailda!
    Obrigado!
    Estamos fazendo um pouquinho pra melhorar este mundo.
    Abraços
    Claudio

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  3. Olá , vim através da faculdade de Letras, estou no último período e meu filho de 11 anos está lendo a série de Christopher Paoline e me diz a mesma coisa que o filme Eragon nada tem a ver com o livro, quando terminar a faculdade espero ler mais seus post,
    abraço da MANU

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