sexta-feira, 12 de março de 2010

Um cordel sobre leitura

César Obeid

Vou armar esse cordel
De um jeito diferente
Pois eu já falei de fábulas
Ou então do sertão quente
Mas de livros, digo agora
Monto rimas sem demora
Ofereço esse presente.

Livros em bibliotecas
Lá dos bairros ou escolares
Livros em casa de pobre
Ou de quem come manjares
O dinheiro não importa
Que agora eu abro a porta
Livros em todos lugares.

Quero livros na estante
Ou então na cabeceira
Quero livros na cozinha
Livro sério ou brincadeira
Livro caro ou bem barato
Na cidade ou no mato
Menos livro na fogueira.

Livro existe com leitura
Cada página, uma história
Livro existe se contado
Com ou sem dedicatória
Fino, grosso, grosso ou fino
Para adulto ou menino
Ler um livro é uma vitória.

Livro de intelectual
Às vezes comprado em sebo
Com as páginas amarelas
Cada fungo ali percebo
Quero essa informação
Dentro do meu coração
Tudo lendo eu recebo.

Quero mais que alfabeto
Mais do que abecedário
Quero ver cada leitor
Já Dizendo: - Eu sou páreo
Pois eu tenho a leitura
Com total desenvoltura
Dentro do meu calendário.

Livros de todos os gêneros
Pra leitura tem a chance
Só não vai ler quem não quer
Aprofunde seu relance
Terror ou contos de fadas
Belas páginas ilustradas
Pros amantes tem romance.

A leitura é um universo
Seja prosa ou poesia
Ao ganharmos um leitor
Nosso mundo é alegria
A leitura é arte pura
Pois povo sem leitura
É como um cego sem guia.

Seja ela feita oral
Seja introspectiva
A pessoa quando lê
Deixa sua vida viva
Trás pra si todo talento
Por nenhum conhecimento
Do universo não se priva.

Pois narrando essa leitura
Eu produzo o arranjo
Sinto toque de viola
Clarinete, flauta e banjo
Afinal, o saber tinge
Que a leitura sempre atinge
A criança e o marmanjo.

Pois contamos para o mundo
O quanto a leitura é grande
Peço então, caro leitor
Vire uma página e ande
Não cometa ladainhas
Ande sempre em novas linhas
Novo mundo se expande.

A leitura é importante
É quebrar sempre o jejum
Um leitor é sempre ativo
Não é um homem comum
Até a doença cura
Pois um povo sem leitura
Não vai à canto nenhum.


Faço já comparação
Nesta estrofe eu aprumo
Pra o caminho dos bons livros
Eu indico o certo rumo
Livro é calado e garganta
A leitura é como a planta
Rego, planto e consumo.

Livros são meus companheiros
São as flores do jardim
São suspenses, dores, vidas
Calmas, risos, estopim
O poeta então revela
Nunca eu vivo sem ela
Ela não vive sem mim.

A leitura inicia
Pelos olhos da razão
E trespassa calmamente
Para nossa intuição
Pelos olhos bem começa
O ouvido então processa
Chega ao nosso coração.

Meus amigos, parto já
Findo essa poesia
Eu termino o meu cordel
Com amor e alegria
O poeta vai embora
Mas, retorna noutra hora
Adeus, até outro dia.

Fonte: Teatro de Cordel

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