terça-feira, 23 de março de 2010

Qual a prioridade?

Pesquisa indica que brasileiros gastam mais com informática, telefonia e lazer do que com hábito de leitura
Brasileiros gastam quase quatro vezes mais com
eletrônicos do que com materiais de leitura

A pesquisa "O Livro no Orçamento Familiar", encomendada por entidades como Sindicato Nacional de Editores de Livros (Snel) e Câmara Brasileira do Livro, concluiu que 40,7% das famílias do país compram algum material de leitura. Mas gastos com livros, revistas e jornais estão muito aquém de outras despesas tidas como "não essenciais".

O estudo, baseado em dados do IBGE de 2002 a 2003, aponta que os gastos dos brasileiros com informática e eletrônicos (DVDs, vídeo, som, jogos etc.) lidera a lista de prioridades brasileiras, movimentando R$ 19,303 bilhões. Em segundo lugar, vem o celular (R$ 8,816 bilhões). Em terceiro, opções de lazer fora de casa, com R$ 6,154 bilhões. Em último está a leitura, com R$ 5,471 bilhões das despesas. Foram entrevistadas 50 mil famílias em todo o país.

FotocópiaEntre revistas, jornais, livros didáticos e não didáticos, fotocópias, dicionários e apostilas, o item revista é o mais consumido. Responde por R$ 42 em média no orçamento anual das famílias. Com jornais, o gasto é de R$ 17, ao passo que, com livros não didáticos, é de R$ 11 ao ano. Concluiu-se que as despesas com revistas e jornais equivalem a 52,3% do total de gastos com leitura do brasileiro, enquanto os livros didáticos respondem por somente 19,6%.

Não bastasse a lanterninha na lista de prioridades, o livro sofre a concorrência das fotocópias, a maior parte feita nos estabelecimentos de ensino. Do total de gastos das famílias com materiais de leitura, 10,1% vão para livros não didáticos, e 9,7% para fotocópias - quase a mesma proporção. O gasto em xerox é maior em famílias com estudantes, indicando o êxito na substituição de obras originais por cópias.

Desde 2003 muita coisa mudou nos hábitos de consumo brasileiros. A aquisição de computadores, por exemplo, quase dobrou nos domicílios entre 2001 e 2007 (de 16,6% para 27,4%). A pesquisa fortalece a ideia de que a melhoria da distribuição de renda e dos níveis de escolaridade não necessariamente garante aumento no consumo de livros. Isso porque a "folga" no orçamento pode ter sido canalizada para a aquisição de bens com maior apelo de consumo, como TVs de LCD e computadores portáteis.
Fonte: Revista Língua Portuguesa

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