segunda-feira, 1 de março de 2010

Agentes locais da Amazônia promovem acesso ao livro e à leitura

Talita Mochiute
talitamochiute@aprendiz.org.br

Mediadores e multiplicadores de leitura da Expedição Vaga Lume promovem o acesso ao livro e à leitura para crianças e moradores das comunidades rurais da Amazônia Legal. Eles são também os agentes locais responsáveis pela divulgação e continuidade do projeto de bibliotecas comunitárias.

A Expedição Vaga Lume, desde 2001, contribui para a criação e fortalecimento de bibliotecas em zonas rurais de estados do Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Maranhão e Tocantins. Atualmente, 100 comunidades de 20 municípios participam do programa, coordenado e monitorado pela Associação Vaga Lume, organização social sem fins lucrativos, localizada em São Paulo (SP).

O projeto conta com 1.600 mediadores. São moradores das comunidades que participam voluntariamente do projeto, lendo histórias para crianças e jovens nas bibliotecas e apresentando os livros aos usuários.

“A mediação de leitura possibilita o aumento do repertório cultural, do imaginário e da linguagem, ampliando a visão de mundo dos ouvintes. Os mediadores são a ponte entre o livro e a criança”, explica a educadora do programa Expedição Vaga Lume, Joana Arari.

Os mediadores costumam ir até a casa dos moradores para contar histórias. Outra prática comum é o mediador coordenar rodas de leitura em que um membro da comunidade conta histórias da tradição local. Esses contos são, depois, recolhidos em livros artesanais e distribuídos nas outras bibliotecas do programa. “É uma maneira de reforçar a identidade da região”, comenta Joana.

Já os agentes multiplicadores formam os mediadores e divulgam o projeto. “Eles atuam junto às comunidades para mobilizar todos, principalmente, o poder público da importância do acesso à leitura”, comenta Joana.

Em 2008, os 154 agentes multiplicadores realizaram mais de 20 cursos nos municípios para formar mediadores. Também participaram do Congresso da Vaga Lume em junho para conhecerem a metodologia do programa e replicá-la em suas comunidades.

Além da formação e da divulgação do projeto, os multiplicadores acompanham a gestão das bibliotecas e enviam diagnósticos sobre o programa para a Associação Vaga Lume.

A formação de agentes multiplicadores começou em 2007. A Vaga Lume abriu edital para os municípios com bibliotecas comunitárias implementadas pelo projeto, convidando as Secretarias de Educação e mediadores de leitura a participar do processo para formação de equipes.

Hoje, esses voluntários são os executores do trabalho da Vaga Lume nas cidades. A equipe técnica de São Paulo encarrega-se da formação, da sistematização, do monitoramento de resultados, da captação de recursos e da articulação de parcerias.

“Essa estratégia dá mais autonomia ao projeto e ajuda a replicar a iniciativa. O nosso objetivo principal é desenvolver o gosto pela leitura. Mostrar que a leitura não é uma atividade burocrática, mas muito prazerosa”, define a educadora.

Bibliotecas comunitárias

Para promover essa ação cultural e educativa, a Vaga Lume estrutura bibliotecas nas zonas rurais da Amazônia. Há bibliotecas em escolas, em centros comunitários e até na casa de moradores. O programa já distribuiu mais de 65 mil livros, entre títulos infanto-juvenis e clássicos da literatura.

Capacitação e gestão são as outras pontas do tripé da metodologia da Vaga Lume. A formação ocorre por meio de congressos e encontros. A entidade incentiva a gestão comunitária. Cada biblioteca escolhe seu gestor e elege as regras de seu funcionamento.

Em sete anos, cerca de 20 mil crianças tiveram acesso ao livro e à leitura. “O livro é um objeto cultural e um agente educativo. Quando a criança começa a devorar os livros, amplia seu vocabulário e se alfabetiza mais rápido”, conclui Joana.

Fonte: Portal Aprendiz

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