Escolas estariam reduzindo carga horária de atividades do projeto Palavras Andantes
Foto: Roberto Custódio
Foto: Roberto Custódio
Criado em 2002 pela Secretaria Municipal de Educação, o projeto Bibliotecas Escolares: Palavras Andantes, que visa despertar nas crianças da rede municipal de ensino o hábito da leitura, está há oito meses sem um coordenador. Duas semanas após o reinício das aulas, muitas escolas ainda não retomaram as atividades referentes ao projeto. A falta de professores é um dos principais problemas.
Uma professora da rede municipal que preferiu não se identificar afirma que as escolas estariam reduzindo a carga horária da Hora do Conto – um dos braços do projeto Palavras Andantes – e professores que não se sentem preparados para desenvolver o trabalho estariam deixando a atividade. “Os coordenadores do projeto têm pouco tempo para se preparar. Agora, têm apenas um dia para ler todos os livros. Com o corte de horas, diminuiu o número de profissionais atuando no projeto. O clima entre eles está bem desanimador.”
O Palavras Andantes foi desenvolvido e coordenado desde o início pelo professor Rovilson José da Silva. Era ele quem auxiliava as escolas a estruturar as atividades do projeto e também capacitava os professores responsáveis pelas bibliotecas escolares. Em junho passado, Silva foi nomeado diretor da Biblioteca Municipal e, desde então, o projeto ficou sem coordenador.
A Secretaria de Educação ainda não encontrou um substituto. “Estamos com alguns nomes e vamos fazer uma seleção”, disse a diretora de Ensino, Maria Inês Galvão de Mello, sem precisar uma data para a nomeação do novo coordenador. A diretora confirmou que há falta de professores em algumas escolas, mas que estas são a minoria. “Ainda estamos distribuindo as horas extraordinárias. Os que não estão trabalhando pelo padrão de 40 horas ainda não começaram as atividades, mas as escolas que têm o quadro de professores completo, já estão trabalhando.”
Na última quinta-feira, o JL entrou em contato com quase 40 das 86 escolas da rede municipal. Na maior parte delas, as atividades do projeto Palavras Andantes ainda não havia começado. Em outras, o trabalho ainda estava em fase de estruturação. O principal motivo da demora, segundo diretores e supervisores, era a falta de professores.
Maria Inês também confirmou que não houve capacitação dos professores que ingressaram agora no projeto. O primeiro curso começa em março e a última capacitação, segundo ela, aconteceu em dezembro passado e foi ministrada com base no material deixado por Rovilson da Silva.
Em outros anos, segundo apurou o JL junto às escolas, era realizado um encontro por mês com os professores responsáveis pela biblioteca. Desde a saída de Silva da coordenação do Palavras Andantes, mais nenhum encontro aconteceu.
“Com a leitura, a gente aprende a ler e a escrever”
Aluna da 4ª série da Escola Municipal João XXIII, Giovanna Nadine Mina, 9 anos, começou a ler ainda na pré-escola, por meio das atividades do projeto Bibliotecas Escolares: Palavras Andantes. O primeiro livro foi Chapeuzinho Vermelho. Desde então, ela já leu mais de uma centena de livros e demonstra conhecimento a respeito dos gêneros literários quando afirma que sua preferência são os clássicos. Um dos últimos que leu e adorou foi Flicts, de Ziraldo.
“A gente aprende muita coisa lendo e a professora é muito boa, então ajuda muito”, diz Giovanna, uma das recordistas da escola em número de empréstimos. Só no ano passado, ela levou para casa cerca de 60 títulos. “Antes, não conseguia escrever de jeito nenhum. Peguei os livros, comecei a ver os desenhos, prestar atenção nas palavras e hoje eu escrevo bem.”
Seu colega, Henrique Matos Luz, 10 anos, também adora ler. Desde pequeno, os pais o incentivavam a ler, mas foi dentro da escola que o hábito consolidou-se. “Com a leitura, a gente aprende a ler e a escrever. Os livros me ajudam na vida”, contou ele, que elegeu O Macaco e a Velha, de Ricardo Azevedo, como o seu preferido.
Mais do que um meio de aprendizado, para Giovanna e Henrique a leitura tornou-se um hábito prazeroso. “É maravilhoso! Eu me imagino dentro da estória”, comenta a garota. Já o tímido Henrique encontrou na leitura um modo de se soltar. “Ele era muito tímido, mas na Feira do Livro do ano passado quis fazer o papel principal da estória A Galinha Ruiva. A apresentação foi feita por mímica e ele se saiu muito bem. Foi perfeito”, elogia a professora Luciana Gomes Pereira Bonato.
Mas não são apenas os alunos os beneficIados pelo projeto de leitura. A professora Luciana não foi estimulada a ler quando criança e só se interessou pela atividade depois de assumir a biblioteca da Escola Municipal Noemia Malanga, no Conjunto João Turquino (zona oeste). “As crianças da 1ª série não gostavam de ler e, depois que comecei a trabalhar as estórias com eles, melhoraram muito.”
O sucesso com o trabalho levou a diretora a remanejá-la para a biblioteca da escola. “Fui contrariada. Não gostava. Mas encarei como um desafio. Levei tudo quanto foi livro para casa para ler e fui ficando encantada. No ano passado, li mais de 60 livros, fora os que utilizo com as crianças.”
Resultado já rendeu prêmios
A reestruturação dos espaços destinados à leitura nas escolas e o aumento expressivo do número de empréstimos são alguns dos resultados alcançados pelo projeto Bibliotecas Escolares: Palavras Andantes e já rendeu prêmios. Em 2005, o projeto foi vencedor do Educação Ouro, concedido pela Universidade Estadual de Minas Gerais, e em 2008, conquistou o primeiro lugar do Vivaleitura, promovido pelo Ministério da Educação e Cultura.
De 2002 até 2008, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Educação, o número de empréstimos de livros nas bibliotecas da rede municipal saltou de 72.248 ao ano para 650.032 – aumento de 800%. A média de livros por aluno, em 2008, foi de 21,6 ao ano. Os dados de 2009 ainda não foram computados pelo Município.
O projeto tem como base quatro eixos principais: formação de professores em literatura e leitura; reestruturação das bibliotecas escolares; ampliação do acervo e inserção da biblioteca nas discussões pedagógicas.
Hora do Conto é semanal
O objetivo do Palavras Andantes é buscar estratégias para o fomento da leitura entre os alunos do ensino fundamental. No processo de formação de professores em literatura e leitura, eles aprendem a contar histórias às crianças, um dos principais atrativos da Hora do Conto, realizado semanalmente nas escolas. “A Hora do Conto é importantíssima. Trabalhamos desde a educação infantil. Eles ainda não sabem ler, mas pegam os livros e criam estórias sobre os desenhos”, comenta uma das professoras responsáveis pela biblioteca da Escola Municipal João XXIII, Luciana Pereira Gomes Bonato.
Na escola, além da Hora do Conto, os alunos têm a Hora do Empréstimo, quando podem folhear os livros e escolher as estórias que querem levar para casa, a Hora da Leitura, feita em sala de aula, e a Feira do Livro, evento anual que conta com a participação de toda a comunidade.
Foto: Roberto Custódio
Giovana: 60 títulos em 2009
Fonte: Jornal de Londrina
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