quarta-feira, 19 de maio de 2010

Um agradável e polêmico incentivo à leitura


Pavarini no Plano B
por Isly Viana

Em duas palestras em Pernambuco, o blogueiro Sérgio Pavarini despertou o interesse de centenas de jovens a começar a ler. Seja lá por onde for!

Um convite à leitura bem tentador. Foi esta a opinião da maioria das pessoas que acompanharam as palestras do jornalista e blogueiro Sérgio Pavarini em Pernambuco. Em dois dias, ele falou para cerca de 350 pessoas em duas igrejas Presbiterianas no Recife e em Jaboatão dos Guararapes, atiçando o interesse dos jovens pela descoberta dos livros.

A expectativa pelas palestras foi grande. Na semana que antecedeu o Megafone – evento direcionado para jovens e adolescentes na Igreja Presbiteriana da Madalena, no Recife, e o Plano B, realizado pela Igreja Presbiteriana de Candeias, em Jaboatão, houve mais de 200 citações sobre a participação do jornalista somente no microblog Twitter. A divulgação estimulou o público, que se mostrou ansioso para ouvir e questionar o polêmico Pavarini.

E ele não decepcionou. Descontraído e bem à vontade, o blogueiro começou a palestra apresentando sua profissão, o que logo despertou a curiosidade dos jovens internautas: “Como é que se ganha dinheiro com blog?” – foi uma das perguntas já esperadas por Pavarini. “Construindo relacionamentos”, respondeu.

Mas o objetivo ali era mesmo estimular a leitura, independentemente do contexto da igreja. Sérgio Pavarini comentou sobre o mercado literário brasileiro, mostrando exemplos religiosos e seculares, e falou da sua paixão sobre a literatura. “Meu pai me incentivava a ler, e acho que isso foi fundamental para formar o meu gosto pela leitura. Quando era adolescente viajava até 500 km para conseguir chegar a uma boa livraria evangélica. Me sentia limitado pelas opções, mas não me acomodei. Continuei buscando. Muitas vezes a comida está ao alcance das pessoas, e mesmo assim ainda existe gente desnutrida. É assim com o conhecimento. É questão de prioridade. A leitura é capaz de vencer a ignorância”, garantiu.


Moçada presente no Megafone
Na ocasião, Pavarini também falou sobre a criação do Mob de Leitura. Um movimento, criado por ele, dedicado a incentivar as pessoas a lerem mais. A cada mês, os participantes enviam o nome dos livros e a quantidade de páginas lidas e concorrem a outros livros. Segundo Pavarini, já foram sorteados mais de 130 livros, beneficiando todos os participantes. “Corro atrás de livros com as editoras para fazer os sorteios, mas se não conseguir, mando algum do meu próprio acervo”, afirmou.

A apresentação do jornalista despertou várias dúvidas entre os participantes e o debate teve as mais diversas perguntas. Pavarini foi questionado desde como despertar o interesse pela leitura até o “risco” de ler livros escritos por autores não cristãos. “Comece a ler por algo que você goste, que lhe interesse. Senão, não vai funcionar. Aos poucos você vai começar a perceber a diferença entre um livro bom e um livro ruim. Essa, sim, é a principal questão, pois se a sua fé é abalada por um livro, isso pode significar que ela não é tão firme. Não é um livro que pode desviá-la”, argumentou o jornalista.

As duas horas de apresentação e debates fizeram com que os jovens mudassem o conceito que tinham sobre a leitura, e muitos deles aceitaram o desafio de mudar, proposto por Sérgio Pavarini. “Deus usou um livro como principal fonte de comunicação conosco. Que prova maior para saber que ele quer o nosso interesse pelo conhecimento?”, finalizou.

A W4 Editora esteve presente através do sorteio de seus livros

A mensagem foi entendida pelos jovens. “O debate foi importante para abrir nossa mente. Ainda somos muito carentes de incentivos como este”, afirmou o estudante Caio Fontes. “Foi uma excelente oportunidade para despertar o nosso interesse pelos livros. O Pavarini foi objetivo e demonstrou um rico conhecimento sobre o tema”, disse o seminarista Ronaldo Oliveira, 23.

Até as polêmicas despertadas pelo blogueiro durante as palestras despertaram lições. “Gostei muito de ouvi-lo falar, pois acho que o povo evangélico ainda é um pouco alienado quando o assunto é leitura, mas confesso que não gostei quando ele recomendou até mesmo a leitura de livros seculares como Harry Potter, por exemplo. Sei que o mercado evangélico não oferece tantas opções, mas vou tentar refletir sobre a importância de perceber melhor a questão literária”, revelou o seminarista Davi Pinheiro, 23.

Para a historiadora Amanda Batista, há muito o que percorrer no caminho para a renovação da consciência do povo evangélico. “Ainda somos muito ‘cabeça-fechada’. Temos a mania de secularizar certas coisas que são sagradas, e vice-versa. Acho isso terrível, pois não há possibilidade de encontrar algum lugar onde Deus não possa agir. O incentivo e o testemunho do Pavarini nos encorajou a pensar em ocupar um espaço de conhecimento e relevância perante nossa sociedade”, desabafou.

O resultado das palestras superou as expectativas dos organizadores dos eventos. “Para muitas pessoas, essa foi a primeira oportunidade que tiveram de receber um incentivo para a leitura. Ficou claro que muitos jovens e adolescentes que estiveram aqui se interessam pela literatura ou gostariam de ler mais, mas precisavam de algum empurrão. A dinâmica do Pavarini foi essencial para contribuir com esse incentivo”, reconheceu o administrador de empresas Leonardo Júnior, coordenador do grupo de Discipulado da Igreja Presbiteriana da Madalena.

O blogueiro Sérgio Pavarini ficou surpreso com a participação dos jovens. “Foi muito boa a receptividade das pessoas por aqui. São jovens inteligentes, interessados e dispostos a crescer. Fiquei hiperfeliz com os eventos e espero voltar logo para conferir de perto os resultados”.

Isly Viana é jornalista e apresentadora do telejornal Cotidiano,
na TV Tribuna/Record, em Recife.


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