segunda-feira, 18 de abril de 2011

Motivo para ler: ins-pi-ra-ção

Suspiros, olhos cheios d´água, risadas espontâneas... quanta coisa boa pode provocar um livro infantil que realmente toque a gente


Sabe aquele hábito de colecionar frases? Eu adoro! Desde a adolescência tinha uma paixão por registrar estes maravilhosos encontros de palavras. Por isso, claro, sou também vidrada em definições, as poéticas, claro.

Um clássico que sempre tem que ser relido é o Mania de Explicação (Ed. Salamandra), escrito por Adriana Falcão e ilustrado por Mariana Massarani. Nele, a autora elenca uma série de significados no, como se fosse, entendimento “de criança”, como:

Muito é quando os dedos da mão não são suficientes.
Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.
Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.

Mas, espere um pouco: são definições “de” criança ou “para” criança. Ah, esta é uma questão que mexe com a cabeça de leitores, pais e, eu já vi!, acadêmicos. Claro, está mais do que intimamente ligada à outra pergunta: pode um livro ter classificação etária?

Esta conversa me foi inspirada por uma belíssima publicação da WMFMartins Fontes chamada O Que É Uma Criança?, textos e ilustrações de Beatrice Alemagna. Já adorei a dedicatória: “Para aquela pessoa grande que nunca esqueceu seu cão amarelo”, o que, para mim, quis dizer: “não importa a idade, se tem fantasia em si, tem uma infância em seu coração!”. Então, é só isso que precisa ter para curtir um bom livro infantil, não?

O livro de Beatrice procura responder o que é uma criança e o que acontece quando ela cresce. Em tom simples de quase brincadeira, vai jogando palavras com o leitor, unindo a ilustrações doces e engraçadas. Eis alguns trechos:

- As crianças têm pressa de crescer. Algumas crianças crescem, parecem felizes e pensam: “Como é bom ser grande, livre, decidir tudo sozinha.” Outras crianças, quando se tornam adultas, pensam exatamente ao contrário: “Como é chato ser grande, ser livre, decidir tudo sozinha”.

E outro:

- As crianças têm desejos estranhos: ter sapatos brilhantes, comer algodão-doce no almoço, ouvir a mesma história todas as noites.

- Gente grande também tem ideias estranhas na cabeça: tomar banho todos os dias, cozinhar feijão na manteiga, dormir sem o cachorro amarelo. “Mas como pode ser?”, perguntam as crianças.

O livro é uma deliciosa viagem sobre a nossa visão de criança e de adulto. Nossa e da criança. Sobre estes dois mundos tão diferentes, que geram tantas dúvidas e interpretações diversas. Pensando bem, parece impossível achar que esses relacionamentos – de adulto e criança – podem dar certo. E qual é o segredo? Respeitar um e outro jeito de ver a vida. Se você “esquecer”, que tal livros como estes? Só-pra-ins-pi-rar. Aproveitem!!

Cristiane Rogerio é editora de Educação e Cultura da Crescer e adora se perder entre os livros.

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