terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ler para crer











Texto: Juliana Bernardino e Cynthia Costa

No páreo com outros canais de comunicação, a leitura continua linda. Além de divertir, o fã-clube garante: ler fortalece as emoções, estimula a imaginação e ajuda você a se conhecer melhor.

"A leitura tem o poder de ativar os nossos sentimentos, nos exercita para a compaixão e também desperta em nós a sólida certeza de que podemos melhorar", João Carrascoza, escritor

"Um livro lido é uma aventura vivida", Ezequiel Theodoro da Silva, escritor

Livraria virou point. Um espaço ultracontemporâneo em que livros convivem com CDs, DVDs e revistas na maior harmonia. Poltronas confortáveis convidam a sentar e curtir seus títulos prediletos. Um cafezinho? Fique à vontade. Parece que em meio a tantas histórias, a urgência que rege nosso cotidiano dá um tempo e nos libera para perambular entre as prateleiras, livres enfim de qualquer objetividade. Quem sabe esteja aí a explicação do sucesso das megalojas que se multiplicam nas grandes cidades. "A livraria inspira um desejo de crescimento. Em geral, as pessoas entram sem saber o que querem e ficam muito mais tempo do que haviam planejado", conta Samuel Seibel, proprietário da Livraria da Vila, em São Paulo. A clientela é sortida e reúne toda gama de tribos e gerações, inclusive os internautas mais afoitos. Seibel explica a sobrevivência do livro neste século de tantas tecnologias pelas particularidades que o tornam insubstituível: "O cheiro, a portabilidade, o fato de você poder anotar, dobrar, cuidar, possuir, segurar fazem do livro um veículo único".


Prazer para poucos
Quem observa essa cena pode até pensar que o brasileiro é tão apaixonado por livros quanto o francês, que consome em média 25 títulos por ano. Ledo engano. Segundo dados do estudo Retratos da Leitura no Brasil, realizado em 2007 pelo Instituto Pró-Livro, esse número no país não passa de cinco. "Uma sociedade leitora tem relação direta com uma sociedade educada", avalia Ezequiel Theodoro da Silva, colaborador voluntário da Faculdade de Educação da Unicamp e autor de O Ato de Ler (Cortez) e Leitura na Escola (Global). Ele lamenta que a educação do país esteja parada no tempo, em grande parte devido a um sistema precário de alfabetização. "Sem leitura, não há educação", arremata. Uma pena, especialmente num momento de mudanças em que a sociedade precisa de maior mobilização. Uma pessoa que lê conhece melhor os seus direitos, torna-se mais consciente dos problemas do mundo e tem mais condições de discutir ideias, enxergar soluções. Pudera: já viajou por muitas culturas, ‘conversou’ com especialistas de todas as áreas, foi estimulada a ver a vida de diferentes pontos de vista, tornando-se um cidadão mais atuante.


No divã
Se a comunidade se beneficia do cidadão-leitor, o próprio indivíduo também sai ganhando. Quer saber mais sobre você mesma? Então leia! Romance, ficção, biografia, conto, poesia, autoajuda - não importa o gênero, ler é uma das ações mais decisivas na busca do autoconhecimento. Nas palavras do escritor João Carrascoza, autor de O Volume do Silêncio e Dias Raros, a leitura é um portal de acesso a inúmeros universos que possibilitam a conexão com o nosso próprio eu. Segundo ele, quando lemos, amadurecemos nossas emoções, fortalecemos nosso poder de decisão, definimos e redefinimos nossos valores. "O livro nos faz vagar entre dois mundos: o enredo criado pelo autor e a nossa experiência pessoal", avalia o escritor, que aposta na estimulação intelectual e psicológica que essa experiência propicia.

Theodoro da Silva defende que, como seres sociais, nosso desenvolvimento ocorre na interação com o outro, seja no contato pessoal, seja por meio dos canais de comunicação, como o livro. "Ao visitar um texto, dialogo com os personagens e cada um deles ajuda a fortalecer minhas emoções", confessa o educador. Quem já descobriu o prazer da leitura concorda. "Cada livro que leio me faz aprender um pouco mais sobre mim mesma, num processo de identificação ou projeção baseadas nas histórias e experiências vividas pelos personagens", relata a paulistana Luciene Bottiglieri, profissional de marketing que, no último ano, consumiu mais de 15 títulos. "Ler me traz a sensação de paz", acrescenta. "Pode não haver uma lógica ou um estudo que comprove tais aquisições, mas acontece com a maioria dos leitores: quando chegamos à última página de um bom livro, nos sentimos pessoas melhores", conclui.

Fonte: Educar para Crescer

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