quarta-feira, 8 de setembro de 2010

História sem fim


Contar histórias, lidas em um livro que vocês amam ou inventadas por você, é uma ótima maneira de passar mais tempo colado no filho. A gente te ajuda a descobrir aquele talento literário que nem você sabia que tinha... até agora

por Amy Debra Feldman / Tradução de Samantha Melo, filha de Sandra e Tião

Uma noite, meu filho, Nathan, de 3 anos e meio, não quis que eu lesse um livro para ele antes de dormir, como era nosso ritual diário. Em vez disso, ele me pediu para lhe contar uma história sobre a mamãe e o papai. Pensei em minha lua-de-mel na Tailândia, então me lembrei de uma foto do meu marido e eu sentados em cima de um elefante e fui atrás dela no meio da bagunça. Nathan agarrou a imagem e a estudou enquanto eu contava a ele sobre a nossa aventura naquele dia, andando através de uma pequena aldeia e parando para o almoço com pratos exóticos, claro. Ele adorou a história e pediu para contá-la de novo e de novo. Cada vez que eu a contava, acrescentava um outro detalhe. Depois de ouvir várias vezes o conto, Nathan começou ele mesmo a aumentá-lo em alguns pontos.

Claro que ler com seu filho é uma experiência maravilhosa e de ligação essencial para o desenvolvimento de suas habilidades de linguagem, mas inventar histórias proporciona uma espécie de magia. "Quando você olha nos olhos de uma criança e usa gestos, inflexões de voz e expressões faciais, isso aprofunda a ligação", diz Martha Hamilton, co-autora de Children Tell Stories: Teaching and Using Storytelling in the Classroom (Crianças contam Histórias: Ensino e Uso de Histórias na Sala de Aula, em tradução livre).

A gente nem se dá conta, mas ouvir você contar (e recontar) uma aventura familiar pode aumentar o vocabulário do seu filho, trabalhar a memória dele e a capacidade de compreender conceitos como começo, meio e fim, habilidades básicas que, mais tarde, ajudam no processo de alfabetização. Além disso, inventar histórias é uma ótima maneira de aumentar a imaginação e as habilidades de linguagem do pequeno e encorajá-lo a criar seus próprios contos. Mesmo que você ache que não leva o menor jeito para ficcionista e seja do tipo que travava diante de um tema de redação tipo “Minhas férias”, acredite: todos os pais podem se tornar contadores de histórias geniais com um pouco de prática. A gente dá uma força.

Transforme seu filho em protagonista

Ele vai adorar ouvir histórias sobre si mesmo. Explique como você escolheu o nome dele ou conte histórias engraçadas sobre quando ele era um bebê. Você também pode inventar um conto de fadas em que seu filho sobe em um pé de feijão, prova o mingau do urso pai ou perde um sapatinho de cristal...

Compartilhe histórias de família

Fale sobre sua própria infância – o seu brinquedo favorito, os erros que você cometeu, e memórias de grandes eventos, como aniversários ou o seu primeiro dia de escola. Além disso, veja fotografias recentes. Ajude a construir as habilidades de memória da criança, descrevendo a visita ao zoológico ou aquela viagem à praia. Depois, peça para que ele reconte a história. Enquanto você ouve, faça perguntas ("o que aconteceu depois?") para incentivá-lo a criar sua própria versão.

Banque o bobo

Uma noite, eu estava cansada da história da aventura do elefante, então inventei outra sobre os personagens de Vila Sésamo. Você pode fazer a mesma coisa com os Backyardigans ou Charlie e Lola, criando rimas, tipo: a Lola bancou a tola quando resolveu plantar uma flor na cartola. Betty Bardige, psicóloga de desenvolvimento e autora de Talk to Me, Baby! How you Can Support your Children´s Language Development (Fale comigo, bebê! Como apoiar o desenvolvimento da linguagem das crianças), diz que o enredo não é fundamental: "Fazer piada com as palavras, para as crianças, é uma das coisas que fazem uma história ser boa. E se todo mundo está rindo é ainda melhor."

"Leia" imagens

Você pode inventar qualquer coisa com as ilustrações de livros que têm pouco ou nenhum texto. Conte histórias e incentive seu filho a criar. “Pergunte o nome dos personagens e peça para ele descrever o que está pensando e sentindo", diz Tanya Turek, autora de um blog sobre livros infantis (books4yourkids.com). Cada vez que você "ler" aquela história, tente inspirar seu filho a deixar a imaginação rolar.

Para gostar de ler

Cada criança tem seu próprio gosto. Seu trabalho é encontrar o gênero que seu filho mais gosta e alimentá-lo. Aí vão algumas dicas para fazer o pequeno ficar viciado nos livros

Até 12 meses

Aconchegar seu bebê enquanto você olha os livros ilustrados o faz associar a leitura a conforto

Desacelere: os pais têm uma tendência a ler muito rapidamente. Pronuncie cada palavra e pause entre cada frase. Isso ajuda a estabelecer um ritmo confortável e dá mais tempo às crianças para absorverem a história, o que irá estimular sua imaginação.

Seja um narrador: ajude seu filho a ligar-se às palavras, nomeando as coisas ao redor da casa e explicando suas ações ("eu estou colocando seus brinquedos dentro da caixa").

Encontre o ritmo: risadas ou aplausos à medida que lê provocam os sentidos do seu bebê. Tente livros com sons.

Interprete: leia de um modo atraente, uma vez que seu filho pode não estar recebendo muito da narrativa.

Repita a história: reler contos favoritos constrói a confiança de um bebê. Além disso, seu filho vai aprender mais a cada vez que você contar a história.

1 a 2 anos

Como seu filho está começando a se locomover sozinho, deixe livros infantis pela casa toda, para que ele possa pegá-los sempre que quiser.

Coloque-o no controle: pegue um livro, segure-o, vire as páginas, feche-o e devolva-o à prateleira. Então, veja se seu filho faz o mesmo.

Mostre seus dons artísticos: use vozes diferentes, faça ruídos de animais. Isso vai deixar seu filho animado com a história.

Faça relação com a rotina dele: quando seu filho for se vestir, leia um livro sobre a roupa.

Pergunte: "Qual roupa o urso vai vestir?" e "Você vai usar camiseta azul hoje também?"

Crie um livro do bebê: use fotos de seu filho e escreva legendas simples e repetitivas ("bebê dorme, bebê come, bebê sorri, bebê cresce e cresce e cresce").

Transforme em diversão: livros com textura e som fazem o maior sucesso. Seu filho provavelmente vai rasgar aquela página linda com pop-up, mas deixe: este é um investimento a longo prazo!

3 a 4 anos

Como a coordenação de seu filho está melhor, ele já pode desenhar e fingir escrever. Isso o ajuda a compreender o complexo processo de leitura.

Aponte as palavras enquanto as lê. Seu filho vai começar a perceber os sons associados a elas.

Questione-o com perguntas que evocam uma resposta pensada. Explique as palavras novas.

Faça um passeio de escuta: visite um parque com muito ruído ou um canto tranquilo da sua vizinhança. Instrua seu filho a avisá-lo quando ouvir um barulho. Então, faça-o imitar o som e tentar escrevê-lo.

Sirva-se: prepare um alimento que se relacione com a história que você está lendo.

Deixe-o rabiscar: dê para seu filho lápis e papel e peça para ele escrever uma história.

Faça bom uso da TV: quando seu filho assistir ao desenho animado preferido, ative as legendas. Isso o fará se conectar com as palavras.

Construa um recanto do livro: um canto com almofadas e bichos de pelúcia fará muito bem.

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