quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Piracicabana deixa títulos em locais públicos para serem passados à frente

Eliana Teixeira

O que você faria se encontrasse um livro no banco de uma praça, rodoviária ou em qualquer outro local público? Se sua atitude é pegar levar, ler e depois guardar o livro numa prateleira em casa, saiba que estará impedindo que ele vá parar nas mãos de muitos outros leitores. Pela filosofia do livro errante, projeto com adeptos em comunidade virtual no orkut (www.orkut.com.br) no Brasil e em todos os lugares do mundo, o livro sempre deve ser passado a diante, para estimular a todos o hábito da leitura.

A piracicabana Aline Gevartosky, 21, comerciante, faz parte de um dos cerca de 15 grupos virtuais do livro errante existentes no País. Em todo o Estado de São Paulo, destaca Aline, em torno de cinco pessoas participam do grupo, que promove a troca de livros entre seus membros. "Tem gente de todos os estados e até uma brasileira que mora na Itália", conta.

Fugindo do Medo, do escritor escocês A. J. Cronin (1896-1981), foi o livro escolhido por Aline, nessa quinta-feira (1º), para ser deixado num banco no Terminal Intermunicipal Rodoviário. Curiosamente, o título faz lembrar da fuga do apego às coisas, tão necessária para que alguém tire um livro de sua estante, mesmo que ele se encontre há anos na prateleira, para doá-lo a alguém que não conhece. "E muitas pessoas têm medo que quem encontrá-lo não vai ter cuidado com ele. É preciso se libertar do medo, para passar um livro para frente", analisa.

Esse foi o terceiro livro que Aline deixou em local público. Ela deixou livros na praça José Bonifácio e no Shopping Piracicaba. Aline defende a idéia de que a cultura deve ser democratizada e, para isso, os adeptos do movimento do livro errante têm de ser pessoas desprendidas. Mas ela admite ter em casa 30 títulos que não consegue se desfazer. "Gosto muito de romance literário e esses são de estimação. Não dou nem empresto", diz, sorrindo.

Admiradora de autores como, J.J. Benítez, José Saramago e Clarice Lispector, Aline lembra que é comum no exterior, principalmente, na Europa, as pessoas aderirem ao movimento do livro errante. Antes do ato de desprendimento, é importante que se coloque no livro uma frase para identificar o movimento. A frase pode ser algo como: "este livro não pertence à ninguém. É um Livro Errante. Se caiu em suas mãos, honra-o com tua leitura, e o deixe seguir viagem".

Na rodoviária, algumas pessoas demonstraram-se surpresas com a atitude de Aline, mas consideraram ótima iniciativa passar um livro para frente. Cinthia Fioravanti, 22, estudante de fisioterapia, diz que atitudes como essa são fundamentais para que pessoas sem poder aquisitivo possam ter acesso à leitura. "Tem muita gente que gosta de ler mas não tem a oportunidade de comprar livros", enfatiza.

Para Bruna Nicolosi Franzini, 21, estudante de ciências dos alimentos, a idéia de criar uma corrente de leitores é fantástica. Fora a leitura básica para a faculdade, Bruna lê dois livros por mês. Ela gosta de romances policiais, suspense, principalmente os de Sidney Sheldon. "Não sabia desse movimento. Agora que sei, eu deixaria um livro para outra pessoa", garante.

Apesar de elogiar a iniciativa, Suzana Kaori Ura, 19, estudante de matemática, diz que não conseguiria deixar um livro seu em local público para alguém que não conhece e, provavelmente, jamais conhecerá. O motivo, explica Suzana, é o apego que pelos seus livros. "Mas o pessoal que consegue se desapegar está incentivando o hábito da leitura, o que é ótimo", afirma.

Colega universitário de Suzana, Lucas Galvão, 18, também elogia a filosofia do livro errante, porém admite não ter coragem de passar à frente um de seus livros. Nem mesmo os títulos que não lê há muitos anos, Lucas seria capaz de passar para outra pessoa. Ele diz que pode querer ler "algum dia" o livro que está esquecido na estante. "Mas se eu encontrar um livro errante, não vou passar para frente. Por quê? Ah, porque eu vou me apegar ao livro, né", declara, uma com franqueza quase pueril.

Virtual

Aline Gevartosky diz que no Brasil, a comunidade do livro errante no orkut foi criada há mais de dois anos por um jovem gaúcho. A comerciante participa desde o início deste ano e leu mais de 20 livros por meio de troca entre os membros. Cada um dos 15 grupos, detalha Aline, tem de 10 a 12 participantes. Assim como os livros que são deixados em locais públicos para que outras pessoas possam ler e dar seqüência ao movimento, as obras trocadas pela internet cumprem a mesma função.

Para não perder de vista os participantes e acompanhar a rapidez do movimento, ressalta Aline, é preciso acessar à internet com freqüência. Ela entra no site mais de uma vez por dia. Cada participante precisa indicar de dois a três títulos de temas livre, romance ou ficção, para elaboração de lista com os nomes a serem trocados.

Nessa lista, cita Aline, aparecem Uma Carta de Amor, de Nicholas Sparks, O Fantasma da Ópera, de Gaston Leroux, Todo os Nomes, de José Saramago, entre outros. "O livro que eu recomendo, envio pelos Correios e em outro lugar do País, a pessoas que recebeu vai mandar o dela para mim", relata.

Fonte: Gazeta de Piracicaba

Um comentário:

  1. desculpe o abuso usei seu artigo no meu site mas coloquei seu link para que soubessem quem era o autor,se nao puder e so me avisar que retiro,meu email e lobofenix@bol.com.br
    desde ja adorei sua pagina.

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