Filipe de Sousa
Texto publicado originalmente no jornal: GAZETA VALEPARAIBANA
Julho/2012
Nas
sociedades contemporâneas, a leitura (em contexto escolar, profissional
ou de lazer) assume um papel importantíssimo na promoção do
desenvolvimento cultural, científico, político e, consequentemente,
econômico dos povos e dos indivíduos. Por isso, tanto se tem refletido
sobre a forma de incentivar e motivar as pessoas para a leitura, em
especial as crianças e os jovens, que ainda não criaram e enraizaram
esse hábito tão enriquecedor.
Interlocutor
privilegiado, pelo tempo que partilha com os mais novos, a escola pode
ajudar a criar e a sedimentar hábitos de leitura quer promovendo e
explorando o livro, com temáticas adequadas e atrativas para as
correspondentes faixas etárias, quer dinamizando atividades inovadoras e
interessantes com livros na biblioteca escolar, quer propondo a
navegação em sites diversificados que põem o aluno em contacto com a
leitura de diferentes suportes, muitas vezes interativos. Estas são,
fundamentalmente, as questões sobre as quais nos debruçaremos no artigo
que se segue.
As
crianças e os jovens aprendem muito do que sabem acerca do mundo e da
vida espontaneamente, em contextos muito diversificados que abrangem o
grupo familiar, o círculo de amigos, as micro-sociedades ou grupos em
que se inserem e os meios de comunicação social, desde a televisão até à
Internet.
Mas
é, sem dúvida, na escola e, frequentemente, através do livro, que
aprendem de forma mais organizada a sistematizar as informações e os
conhecimentos, a pensar, a olhar com espírito crítico a realidade
circundante, a problematizar o mundo, a encontrar resposta para os
problemas que enfrentam, a respeitar as diferenças étnicas, sociais e
pessoais e, muitas vezes, a interiorizar os seus direitos e deveres,
como pessoas e como cidadãos. Enfim, o contacto com o livro enriquece
culturalmente o indivíduo e promove a sua autonomia. Para já não falar,
especificamente, da importância do livro e da leitura para o melhoramento da competência linguística oral e para a aprendizagem do código escrito da sua própria língua.
De
ano para ano vamos tendo cada vez a sensação mais nítida de que
aumentam os problemas relacionados com a competência linguística oral e
escrita dos jovens em geral, problemas esses denunciados diariamente
pela própria família, pelos meios de
comunicação social e, claro, amargamente constatados por todos os
professores. É visível e constrangedora a dificuldade de certos
adolescentes em exporem claramente um raciocínio. No âmbito da escrita
já não são só os problemas ortográficos, mas é também o domínio
deficiente da pontuação, da acentuação gráfica, da própria construção
sintática da frase, bem como o da construção de um simples texto.
Neste contexto, afigura-se-nos óbvia a importância do livro e da leitura como fonte
de saber e de cultura e como meio eficaz de aperfeiçoamento
linguístico. Todavia, o difícil é ser capaz de conduzir as crianças e os
jovens à leitura, quando estão rodeados de tantas e tão diversificadas
solicitações e quando, por vezes, até o próprio meio familiar parece
avesso a esta atividade e a tudo o que com ela diretamente se relaciona
(nomeadamente, consagração efetiva de uma parcela do tempo livre à
leitura, discussão de aspectos sobre os quais o livro que lemos nos fez
refletir, exteriorização do prazer de ler, visita regular à biblioteca e
à livraria e aquisição habitual de livros).
Não pretendemos refletir aqui sobre as razões sociológicas desta falta de tempo
familiar para a leitura, senão mesmo falta de vontade, mas é certo que
ela não contribui minimamente para a motivação intrínseca para ler que
as crianças e os jovens deveriam ter.
Por outro lado, se a própria comunidade escolar (digo, comunidade escolar, e
não só professores de Português) não conseguir mostrar aos alunos uma
atitude muito positiva em relação ao prazer de ler, quer a finalidade
seja informativa ou recreativa, e se não encarar a biblioteca como um
espaço de cruzamentos curriculares, de modo a que a sua dinamização seja
contínua e feita por todos, dificilmente conseguirá cativar os alunos
para a leitura.
Primeiro de Julho dia Mundial das Bibliotecas. Vamos valorizar?
Todos pela dinamização das Bibliotecas Escolares e Públicas.
Fonte: Ofaj
Claudio, te convido a conhecer o www.freguesiadolivro.com.br
ResponderExcluirSe o assunto é leitura, acho que pensamos parecido.
Josiane