Márcia Lorca
21/06/2012
21/06/2012
Vamos dar aqui luz à antiga questão sobre o distanciamento da leitura
que ocorre na transição das séries iniciais para as posteriores. E,
levando em conta o papel da literatura infantil e juvenil, entendo que
há algumas considerações que precisam ser discutidas: o nível da
interferência da escola, do professor e do mercado editorial para a
(de)formação do leitor.
É visível que o mercado editorial direciona a produção dos livros, tanto infantil como juvenil, para temas e assuntos de peso comercial. Os escritores são obrigados, muitas vezes, a escrever aquilo que vende mais. Nesse sentido, a liberdade de escrita que permeia a arte literária fica comprometida e é deixada em último plano
Por outro lado, a escola tem-se prendido a um cronograma de conteúdos
endurecido, avesso às novidades da própria sociedade e dos alunos
enquanto indivíduos distintos em gostos e interesses. Parte-se da
obrigação de ensinar determinadas matérias e inculcar certos valores
morais para escolher o livro de leitura obrigatória de cada bimestre.
Poderia ser essa atitude de incentivo à formação do leitor ideal?
Finalmente atenta-se ao árduo trabalho do professor em sala de aula. Com alunos alheios aos conhecimentos que lhes são oferecidos, cabe ao professor a difícil tarefa de criar o belo hábito da leitura nos alunos. Entretanto, como se processa a escolha do professor pelo livro que os alunos terão de ler?
Restringe-se aos velhos livros conhecidos ou
àqueles que ensinem as moralidades do mundo acima de todas as coisas.
E a estética? E a arte literária? Em sala, vale trabalhar com níveis simples da estrutura narrativa: quem são as personagens, o que fazem ao longo do enredo, qual a moral da história e dos ensinamentos que nos passa?
Se o nível do livro fosse expressivamente artístico, o estudo se
voltaria à construção do texto literário, o que certamente abriria novas
noções da escritura textual e das possibilidades que a linguagem verbal
oferece ao leitor, a fim de instigá-lo a voos mais desafiadores e
intensos pelo extraordinário mundo da leitura.
Márcia Lorca é mestre pela Unesp de Assis, pesquisadora da área de Literatura Infantil e Juvenil e professora de Literatura do ensino médio em Araçatuba
Márcia Lorca é mestre pela Unesp de Assis, pesquisadora da área de Literatura Infantil e Juvenil e professora de Literatura do ensino médio em Araçatuba
Fonte: Folha da Região
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