Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os bebês internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Instituto Fernandes Figueira (IFF), no Rio de Janeiro, são pequenos, têm baixo peso ou precisam ser monitorados por profissionais capacitados por causa de alguma má-formação. Mesmo nesse ambiente, cercado por pequenas incubadoras, medicamentos e com a presença dos pais limitada, uma experiência vem trazendo novos olhares sobre os recém-nascidos e oferecendo a eles estímulos variados.
É o projeto Biblioteca Viva, do Ministério da Saúde, que prevê a leitura de histórias por voluntários e é realizado em diversos hospitais públicos, entre eles o vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Na unidade neonatal do IFF, referência no tratamento de bebês prematuros, a ação completa cinco anos e é pioneira no país, com o enfoque em recém-nascidos. Neste período, mais de mil bebês já ouviram os contos.
A coordenadora da ação, a pedagoga Magdalena Oliveira, afirma que, embora ainda não haja estudos científicos que comprovem a eficácia do programa, as pequenas reações das crianças e o retorno das mães garantem que existem inúmeros benefícios. Para ela, a experiência ajuda a transformar a internação num processo menos doloroso e mais aconchegante, colaborando para o fortalecimento do vínculo dos bebês com suas famílias.
“Há vários indícios de uma troca muito intensa durante os momentos de leitura que certamente estimula o desenvolvimento deles. Até os batimentos cardíacos dos bebês é modificado quando há a leitura”, disse Magdalena, acrescentando que a primeira pesquisa científica sobre o projeto terá início este ano, por meio de uma dissertação de mestrado na própria Fiocruz.
A pedagoga contou que, a princípio, resistiu à ideia de levar a leitura, que já era realizada para pacientes mais velhos, para os bebês. Após pesquisar e conversar com vários profissionais, no entanto, ela concluiu que quanto mais os recém-nascidos fossem estimulados, menores seriam os prejuízos da prematuridade.
“A leitura estimula muito a questão auditiva deles. Além disso, temos a possibilidade de ressignificar a criança para as mães. Algumas comentam que não conseguiam enxergar o recém-nascido como uma pessoa cheia de características ainda, mas que por meio da leitura estabeleceram um vínculo muito forte e rico”, explicou.
A voluntária Selma Segal, que trabalha no projeto desde o início, garante que percebe a reação dos pequenos pacientes, como a atenção voltada para o livro ou até um esboço de sorriso nos mais velhos. Segundo ela, a iniciativa também é capaz de formar novos apaixonados pela leitura.
“É muito emocionante perceber que o carinho que a gente têm por eles tem retorno. As mães ficam muito gratas e muitas crianças desenvolvem também uma paixão pelos livros que ajudamos a construir”, disse.
Para Jussara Xavier, mãe de Kyra Xavier, de 1 ano e 1 mês, internada na unidade de saúde, as trocas realizadas no ambiente são fundamentais para o desenvolvimento das crianças.
“Elas chegam a esquecer que estão em um hospital quando participam da atividade. Além disso, a atenção com que ouvem a historinha é tão grande que parece mesmo que estão entendendo tudo”, afirmou.
Fonte: Agência Brasil
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