quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Hábito da leitura se aprende desde bem pequeno

Rodas de Leitura, atividades em grupo, colagens e peças de fantoche estimulam gosto pelos livros desde cedo

“É que nem futebol”. Ao usar uma metáfora do universo do esporte que é paixão nacional dos brasileiros – e talvez, sem saber, imitando o presidente Lula -, o pequeno Luca Bezerra, 9 anos, resume o que é, para ele, a leitura. Explica-se: na opinião do estudante do Colégio COC Sartre, em Salvador, o hábito de ler livros pode ser cansativo (“às vezes, tenho preguiça”), mas também pode ser muito prazeroso.

Para Luca, que já leu “alguns livros bem grossões”, é preciso começar devagar e ter paciência. Ou seja: ler também exige treino.

Nessa importante modalidade, o corpo técnico é formado pelas escolas e famílias.

A coordenadora pedagógica da Escola Tempo de Criança, Luciane Souza, acredita na importância da realização de um trabalho conjunto. Na escola onde trabalha, os estudantes trazem, sempre no início do ano escolar, dois livros de literatura. Semanalmente, as professoras organizam rodas nas salas de aula e as próprias crianças decidem o que irão ler. Sete dias depois, é hora de compartilhar impressões.

“Não é só dizer se gosta ou não: é preciso dizer o porquê”, afirma Luciane, acrescentando que no processo de incentivo à leitura as professoras também perguntam aos alunos sobre o autor do livro e o dono do exemplar, para mostrar a importância do zelo pelas coisas dos outros colegas.

Contação Uma atividade bastante difundida entre associações de bairro e bibliotecas comunitárias são as rodas de leitura.

Nelas, as crianças se reúnem para ouvir as histórias contadas por educadores, que muitas vezes são voluntários.

É o caso de Ladailza Gonçalves, que desde 2008 lê para crianças – inclusive integrantes de famílias sem-teto – atendidas por uma Ong no bairro de Escada, no subúrbio ferroviário. “Algumas já demonstraram interesse em aprender a ler depois de algumas sessões de contação”, diz, orgulhosa, Ladailza.

“A educação infantil deve, sim, trabalhar com diversas linguagens, como o gestual, o oral, a escrita, a dramatização e outras”, observa Gizele Souza, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Infância e Educação Infantil da Universidade Federal do Paraná.

A criança, quando ouve a história, não se torna “preguiçosa” e desinteressada pela leitura solitária. Ao contrário: desenvolve uma série de aptidões importantes no processo de formação e no gosto pela leitura.
A médica veterinária Karina Tenisi é mãe de dois meninos (sete e cinco anos) e é entusiasta da leitura. “Leio e mostro tudo para eles, até revista de consultório”, diz Karina.

O mais velho, João, aprendeu a ler recentemente, e já “usa” o menor, Enzo, como plateia. Sobre o “salto no aprendizado” dado por João agora que aprendeu a ler, Karina resume: “Parece mágica”.

E assim como a magia – e o futebol -, a leitura costuma encantar a muitos.

Fonte: A Tarde

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