Christine Castilho Fontelles
Especial para o UOL
"Não entendi nada!". Um número expressivo de pessoas, jovens e
adultos, vive cotidianamente este tormento de efeito paralisante diante
de uma bula de remédio, de um trecho de texto jornalístico, do assunto
de uma prova, de uma mensagem qualquer, uma opinião, um poema.
Não nascemos sabendo e nem gostando de ler, por isso é preciso educar
para ler desde a primeira infância, ler gêneros diversificados, ler
literatura. E, sim, a biblioteca é a casa do leitor e suas portas devem
estar escancaradas para ele!
Afinal, pra que serve a biblioteca?
A biblioteca pública aberta à comunidade é o lugar por excelência para
termos acesso gratuito aos recursos e atendimento para que possamos
fazer nossas consultas, empréstimos, pesquisas e nos tornarmos leitores.
Educar para ler é uma missão que requer esforço, concentração e
criatividade, principalmente em uma época com excesso de informações
midiáticas e escassez de tempo, como a nossa. Logo, é fundamental que a
biblioteca seja viva e se prepare para atrair e reter usuários com
estratégias pensadas e sistematicamente ofertadas aos seus vários
públicos: bebês, crianças, jovens, adultos.
Se alguém entra para
ler jornal, por exemplo, pode ser cuidadosamente envolvido e convencido
a testar outras leituras. Bibliotecas bacanas ficam subutilizadas
muitas vezes porque falta este tipo de atendimento - conheci uma
belíssima biblioteca-parque em Bogotá que passava os dias da semana
praticamente vazia de público para tudo.
Como acontecia nas boas
locadoras de "antigamente": tinha sempre um funcionário que nos
apresentava aquele novo filme com aquele ator e aquele tema do nosso
interesse e, dias depois, nos convencia a testar aquele filme com aquele
ator que daquela vez fazia outro papel.
E lá íamos nós,
saltitando entre comédia, drama, romance, ficção científica, cult, film
noir. Testando palpites do cúmplice e aliado desta aventura
cinematográfica.
Não nascemos sabendo e nem gostando de ler, por isso é preciso educar para ler desde a primeira infância socióloga e diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, sobre a importância da orientação para a leitura
Divulgação
Minha convicção é de que não há jornada leitora sem o apoio de um
leitor, no caso, um bibliotecário leitor. Os humanos precisam uns dos
outros para aprender e neste caso não é diferente, mas essencial. E isso
está dito em qualquer pesquisa já realizada sobre comportamento leitor.
Deve ficar ao gosto e às possibilidades do leitor se será em suporte
impresso ou digital: na Biblioteca de São Paulo (zona Norte da cidade),
por exemplo, leitores digitais estão disponíveis para os usuários, mas
por enquanto só podem ser usados dentro da própria biblioteca.
Em países da Europa e nos EUA já existem empresas como a Public Library
Online, que disponibilizam acervo digital aos usuários de bibliotecas
públicas, que podem baixá-los em seus próprios dispositivos eletrônicos.
O que precisamos é ler, ler, ler, como dizia Castro Alves: "Bendito o
que semeia livros à mão cheia. E manda o povo pensar! O livro, caindo
n'alma. É germe – que faz a palma, É chuva – que faz o mar!".
Infraestrutura
Acervo atraente e permanentemente atualizado, conforto térmico,
iluminação adequada, atendimento cotidiano, incluindo à noite e em
feriados são outros fatores determinantes para o seu bom desempenho.
A capacidade das bibliotecas de promover a leitura depende diretamente
do uso que se faz delas. E o uso será cada vez mais intenso quanto
melhor for a qualidade dos serviços prestados. E daí derivarão outros
impactos.
A criação de uma rede de conectividade (internet banda
larga) entre as bibliotecas é mais uma forma de promoção do intercâmbio
de experiência e renovação do conhecimento. Sobretudo em um país como o
nosso, com as proporções territoriais e diversidades, de modo a romper a
defasagem que o isolamento geográfico inevitavelmente gera.
Até 2020 todas as escolas do país, públicas e privadas, devem ter uma biblioteca socióloga e diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, sobre a lei 12244/10
E, sim, bibliotecas em escola, comprometidas com seu projeto
pedagógico e preferencialmente abertas à comunidade, pois há rincões
neste país, mesmo em centros urbanos como São Paulo ou Rio de Janeiro,
onde a escola é a única possibilidade de contato com a educação e a
cultura.
Além do que, é uma estratégia importante para aproximar
as famílias na construção de cultura leitora, que é tarefa pra toda uma
vida, e deve começar em casa já na primeira infância, quando as
crianças ainda não sabem falar.
O professor leitor, auxiliado
por uma bela biblioteca na escola, pode muito. Agora é lei, número
12.244/10: até 2020 todas as escolas do país, públicas e privadas, devem
ter uma biblioteca.
É preciso reconhecer que a biblioteca é um
espaço organizado para a convivência cotidiana com a leiturae que não
existe um usuário ou leitor típico, e sim uma multiplicidade de usuários
e leitores agindo em nome de necessidades, valores, hábitos e
expectativas variáveis.
E a boa biblioteca é aquela que atende e
surpreende seu público com ofertas de leituras igualmente variáveis e
reveladoras, que coloca à sua disposição todos os recursos para permitir
o desenvolvimento de uma leitura de mundo apurada, sensível, inovadora,
que contribua para que aprenda a aprender como atuar, ser sujeito,
cidadão e solidário num mundo em permanente transformação.
Fonte: UOL Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário