Você já leu um texto que mexeu com suas
emoções? Leu algum trecho ou passagem de uma história e seu dia ficou
mais leve? Percebeu algo escrito em livro muito parecido com sua
história de vida? Possivelmente, sem querer, o que foi lido fez você
refletir sobre algum momento presente ou passado. Você pode ter chorado,
ou ter ficado feliz, lembrado de momentos mágicos, ou recordado
sentimentos de aflição, agora aliviados e superados. Tudo isso porque o
texto lido provocou sentimentos e reflexões pessoais. Agora pense: Que
romance faria você ficar animado? Que poema te faz lembrar com carinho
do seu melhor amigo? Que livro infantil tem uma história tão engraçada
que faz você rir muito e ficar feliz? Para escolher este livro, bem como
entender melhor estes sentimentos e permitir reflexões de apoio e
mudanças de vida, podemos fazer uso da Biblioterapia.
Ler é importante? Sem dúvida nenhuma, a
resposta para esta pergunta é um grande SIM. Lemos para adquirir
conhecimento ou pelo simples prazer de ler. Mas hoje vamos falar de um
tipo especial de leitura, a biblioterapia.
O termo Biblioterapia vem do grego biblion – que designa todo material bibliográfico e de leitura; e therapein
– que significa tratamento ou restabelecimento da saúde. Neste sentido,
podemos dizer que biblioterapia é uma atividade que auxilia no
tratamento terapêutico da saúde mental, usando a leitura para este fim.
Por meio da interação entre o leitor e o texto, esta atividade pode
contribuir para:
• aliviar o estresse,
• ajudar a lidar com sentimentos de raiva, frustração, solidão, tristeza, medo …,
• promover a conversa em grupo sobre seus problemas,
• diminuir a sensação de isolamento entre as pessoas,
• estimular a criatividade, a imaginação e novos interesses,
• aumentar a auto-estima,
• proporcionar momentos de alegria e descontração,
• incentivar o gosto pela leitura,
• auxiliar na adaptação hospitalar e na humanização de espaços,
• diminuir a intensidade da dor pessoal.
É uma lista grande de benefícios e, por
conta disso, coloca o profissional bibliotecário numa posição importante
para atuação na biblioterapia. Sendo por excelência um mediador da
leitura, que reúne competências e ferramentas para conhecer o público,
selecionar o material adequado e organizá-lo, o bibliotecário está
inserido na equipe de biblioterapia, também formada por profissionais de
outras áreas como, por exemplo, psicólogo, assistente social, terapeuta
ocupacional, médico, enfermeira, enfim, todos os profissionais que
possuem uma postura humanizada.
A bibliotecária (e contadora de histórias) Raquel Cosmano, da Biblioteca Pública Manoel Fiorita,
em Osasco, nos contou um pouco de sua experiência nessa atividade. Em
2012, em conjunto com a terapeuta ocupacional Cristina Valotta, da
Secretaria da Saúde (Programa de Saúde Mental), Cosmano promoveu
diversas sessões com famílias interessadas, que se encontravam
semanalmente na biblioteca para a terapia com contação de histórias.
Para isso, foram formados grupos com crianças (dividido em faixas
etárias) e mulheres. Os grupos participavam de atividades e contações de
histórias organizadas para discussões focadas nas características de
cada grupo. Este ano a atividade foi interrompida, mas esperamos que
seja retomada em breve e, para ressaltar sua relevância, fizemos as
seguintes perguntas para Cosmano:
Que observações você poderia fazer sobre o impacto dessa atividade na comunidade?
“A maioria das crianças nunca tinham entrado em uma biblioteca, e muitos nem imaginavam o quanto é fascinante, criando descobertas através de livros e histórias. As atividades e as histórias, a princípio, pareciam não gerar resultados, mas no decorrer dos encontros semanais víamos que os mesmos tinham entendido o recado ou a história através de suas atitudes. Na minha opinião, poderíamos até implementar tendo atividades para os pais, enquanto aguardavam os filhos. Para isso, a dimensão do trabalho seria muito grande e não temos toda essa estrutura física, humana e nem interesses de outros.”
Que benefícios você enxerga com a criação de um projeto lei que pode expandir esse serviço?
“Eu creio que seria formas de contribuir com vidas, sejam eles crianças, mulheres e idosos; homens têm mais resistência a esse tipo de atividades. Trazendo a auto-estima, valores, a importância da vida, que vale a pena estudar, se esforçar mesmo quando muitos ou todos digam que não. Levando o gosto pela cultura seja através de música, teatro, dança ou qualquer atividade que a pessoa se enquadre. Não digo que faremos uma sociedade justa, mas resgataremos muitas vidas da rua, da margem de risco, da ociosidade, da depressão. Através do projeto lei, isso ofereceria espaços físicos, profissionais, verba e credibilidade para realização de um trabalho que pode transformar vidas.”
Dentro desta perspectiva de promoção do
bem-estar e maior qualidade de vida do cidadão, ressaltamos que a
biblioterapia vem ganhando espaço em pesquisas de universidades e nos
hospitais, apoiando o processo de humanização no atendimento; ao mesmo
tempo, despertou o interesse da Câmara dos Deputados, onde está
tramitando o Projeto de Lei 4186/12, que dispõe sobre a prática da biblioterapia nos hospitais públicos.
No município de Osasco, este movimento em
favor da implantação da biblioterapia conquistou o apoio do vereador
Valdir Roque (PT) que, sensibilizado, protocolou recentemente junto a
Câmara Municipal um Projeto de Lei que dispõe sobre o uso da
biblioterapia nos hospitais e CAPS.
Para quem quiser ler mais sobre o tema e o
poder de transformação pela leitura e a palavra, sugerimos a leitura
dos textos (pdf):
No Brasil a biblioterapia é uma atividade
que ainda está se consolidando, por isso é importante o apoio a essa
prática leitora. Pesquise na Biblioteca Pública do seu município se
existe um projeto de Biblioterapia, caso não haja, incentive a criação.
Mas se quiser experimentar os benefícios da leitura, sugerimos que você
vá até a Biblioteca Pública mais próxima, escolha um livro e veja o que
acontece.
Fonte: Biblioteca é Muito +
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